Por Guilherme Bittar e Eduardo Matysiak
Durante décadas, Manoel Cardoso da Silva, o seu Maneco, carregou sacos de 60 Kg sobre a cabeça. Ele era saqueiro do Porto de Paranaguá. Hoje, aos 91, vive em Pontal do Sul, no Paraná, com vitalidade. Dos tempos de trabalhador, ficou apenas a saudade – nenhuma sequela do batente pesado.
Ativo, ele ainda roça quintal e dirige a sua Kombi, uma relíquia que mantém com cuidado e carinho. Conhecido na região, ele passa o dia recebendo acenos, aos quais responde educadamente, mesmo sem saber de quem é. Gosta de passar o tempo no terminal de embarque para a Ilha do Mel, onde conversa com turistas e pessoas que trabalham nos quiosques que vendem diferentes quitutes. “Eu não gosto muito de ficar em casa. Gosto de sair, andar e conversar”.
Dedica atenção também aos cachorros do terminal de embarque – em especial ao Harley e Chicão, e conhece bem o temperamento dos animais: “O Chicão é tranquilo. O Harley tem momentos e o comportamento dele oscila. Melhor ter cuidado”, avisa.
Não tem mais ambições e acredita que já conquistou tudo que gostaria. Deseja apenas saúde. “Só tenho uma bursite, às vezes incomoda . Sempre peço a Deus que, enquanto me der saúde, quero viver. Não quero ficar doente para não incomodar os outros”.
Vivido, seu Maneco dá conselhos à juventude “Honrem a mocidade, trabalhem para ganhar o pão de cada dia e não se iludam com drogas”.