O deputado estadual Goura (PDT) voltou a denunciar, nesta terça-feira (19), em pronunciamento no plenário da Assembleia Legislativa (Alep), que a Prefeitura de Curitiba gastou milhões de reais, nos últimos quatro anos, para realizar, sem licitação, a Smart City Expo Curitiba 2024, que teve início nesta quarta-feira (20), no Centro de Eventos do Positivo, no Parque Barigui.
“A gestão Greca-Pimentel contratou, com dispensa de licitação, por R$ 4.332.600,00 a realização do evento Smart City Expo Curitiba 2024. São R$ 11,8 milhões nos últimos quatro anos na compra de royalties, mais uma vez, sem licitação, deste evento”, denunciou Goura da tribuna do Plenário da Assembleia.
Goura disse que há alguns anos o dinheiro público dos contribuintes curitibanos tem sido gasto desta forma, sem licitação, por uma escolha política que é tudo menos inteligente. “É marqueteira, é enganosa e cria a falsa imagem de que a cidade é ´smart´ escondendo os seus verdadeiros e gravíssimos problemas sociais e ambientais”, destacou.
Para ele, uma “smart city” não pode ser uma cidade “esperta”. Tem que ser uma cidade inteligente e boa para todas as pessoas. “Na série histórica a gestão esperta de Curitiba gastou com o evento Smart City Expo Curitiba, em 2019, R$1.862.400,00; em 2022, R$2.512.750,00; em 2023, R$3.070.000,00 e em 2024, R$4.332.600,00. São R$ 11,8 milhões gastos sem licitação”, alertou.
“Uma cidade inteligente fará de tudo para garantir políticas públicas essências para seus cidadãos. Com acesso à saúde, educação pública de qualidade, equipamentos de lazer e esporte, política de mobilidade ativa e sustentável, transporte público de qualidade e verdadeiramente ecológica com política pública efetiva para o meio ambiente”, enfatizou Goura.
Outro destaque feito pelo deputado foi apontar para a necessidade de recuperação da ecologia dos rios, a implantação de corredores verdes com um plano de arborização ousado. “Temos que nos adequar às exigências da emergência climática que vivemos”, alertou.
Segundo Goura, uma cidade inteligente não deixa mais de 7.000 crianças sem creches. “Não são crianças do Batel, Alto da XV ou Água Verde. Mas de bairros mais periféricos como CIC, Tatuquara, Sítio Cercado e outros que não são mostrados na propaganda oficial”, destacou.
O deputado também disse que a “cidade esperta” de Greca e Pimentel não climatiza as salas de aula das creches e escolas. “Professoras precisam levar ventiladores particulares para ter um pouco de conforto térmico, não existe água refrigerada para os dias de calor extremo e tampouco existe valorização salarial das profissionais da educação que lutam há anos pela implantação de um plano de carreira digno e justo.”
Goura afirmou que uma cidade inteligente de verdade investiria pesadamente em moradia, com a constituição de uma secretaria da habitação. “A cidade destinaria recursos para habitação de interesse social, regularização fundiária e estímulos para ocupação de vazios urbanos ou edificações abandonadas que não cumprem nenhuma função social”, disse.
“Enfim, Curitiba é fruto do acúmulo de erros e acertos de diferentes gestões que se sucedem, as vezes se complementando, as vezes se negando mutuamente. As virtudes de Curitiba são fruto de bons projetos urbanísticos do passado, mas a cidade precisa se adequar às urgências do presente colocando como prioridade a redução das desigualdades, a implantação de políticas públicas que tragam qualidade de vida para toda sua população, em todos os seus 75 bairros”, concluiu Goura.
“Uma cidade inteligente colocaria estes pontos como prioridade de gestão. A Curitiba que queremos é inteligente de verdade e não esperta.”