“O Gosto da Guerra”, de José Hamilton Ribeiro, é reeditado e passa a integração coleção de Jornalismo Literário

UFSC/Divulgação

A Companhia das Letras reeditou o clássico “O Gosto da Guerra”, do jornalista brasileiro José Hamilton Ribeiro. A versão ampliada inclui ainda outras reportagens do jornalista que passou pelos principais veículos do país.

A nova edição do relato do premiado jornalista que cobriu a Guerra do Vietnã traz outros textos publicados na Realidade, uma das mais importante revistas de reportagens da imprensa nacional, além de posfácio de Patrícia Campos Mello.

O livro conta os detalhes da Guerra do Vietnã. No último capítulo do livro, ele escreve: “Guerra é ruim, mas sem repórter é pior”.

Em entrevista recente para a Folha de São Paulo, ele complementou: “Acho que a presença do jornalista na guerra é um fator de humanização. Porque as pessoas, sabe, podem ser terríveis. Quando não tem testemunha, é mais fácil fazer barbaridade”.

Um dos episódios narrados por José Hamilton conta conta ele perdeu a perna, após pisar em uma mina, e mostra a relação dele com o fotógrafo japonês Shimamoto. Na véspera do acidente, Zé Hamilton se queixa aos colegas que Shima havia desperdiçado boas oportunidades de foto à espera de “coisa melhor”. “Parece mesmo bom [fotógrafo], só que o desgraçado, toda vez que peço para me fotografar com água pela cintura, ele diz ‘No good’! Acho que ele espera que uma bomba me mande para o cão, para só então achar uma boa foto!…”.

Quando agonizava no chão após a explosão da mina, o fotógrafo se aproximou. “Vi Shimamoto tomando distância para me fotografar, e tive raiva: o desgraçado disse que ia arranjar fotos dramáticas e arranjou mesmo”, escreveu depois o repórter.

A obra também passa a integrar a célebre coleção de Jornalismo Literário da editora.

José Hamilton Ribeiro

José Hamilton Ribeiro (Santa Rosa de Viterbo, 29 de agosto de 1935) é um jornalista brasileiro.

Autor de quinze livros derivados de suas reportagens, sendo o primeiro, “O Gosto da Guerra”, em função da reportagem sobre a Guerra do Vietnã, que fez para a revista Realidade em 1968, ocasião em que perdeu uma perna ao pisar numa mina terrestre.[1]

Entre as redações por onde passou, estão as das revistas Realidade e Quatro Rodas, do jornal Folha de S. Paulo e dos programas Globo Repórter, Fantástico e Globo Rural, de onde foi repórter e editor.

Com 52 anos de profissão, iniciou a carreira na Rádio Bandeirantes, em São Paulo, de onde logo partiu para o jornalismo impresso, ao qual se dedicou por 25 anos. Nos outros 25 se dedicou a projetos da Rede Globo, particularmente no Globo Rural. Em 25 de novembro de 2021, ele deixou a Globo após 46 anos.

É autor da publicação “Jornalistas, 37/97” que reflete sobre a história da imprensa ao longo dos 60 anos de existência do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Obras
O Gosto da Guerra (1969)
Pantanal Amor Bágua (1974)
Senhor Jequitibá (1979)
Gota de Sol (1992)
Vingança do Índio Cavaleiro (1997)
Jornalistas 37/97 (1998)
Música Caipira: as 270 Maiores Modas de Todos os Tempos (2006)
Os Tropeiros – Diário da Marcha (2006)
O Repórter do Século (2007)
Rio Paraguai – Das Nascentes à Foz (2016)
Prêmios
1964 – Prêmio Esso (Categoria: Regional – Grupo A)[2]
1967, 1968, 1973 – Prêmio Esso (Categoria: Informação científica)[2]
1977 – Prêmio Esso (Categoria: Regional – Sudeste)[2]
2004 – Prêmio Embratel de Jornalismo (Categoria: Jornalismo cultural)[3]
2006 – Prêmio Internacional Maria Moors Cabot[4]
2008 – Prêmio Brasileiro Imortal (Categoria Nacional). Nessa iniciativa da empresa Vale, foi batizada com seu nome uma espécie do gênero Anthurium, popularmente conhecido como Antúrio mirim, descoberto pelo pesquisador Marcus Nadruz Coelho, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

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