“Sem Coração”: um filme de peito aberto 

A classificação “baseado em fatos reais” é quase redundante. Sempre é a vida que abastece a criação literária. Às vezes, esta vai mais longe nas asas da imaginação. Às vezes, é tão orgânica que parece mesmo vida, como no filme “Sem Coração” — nossa dica imperdível para conferir no streaming uma boa produção nacional. 

O longa estreou este ano nos cinemas nacionais, após percorrer o circuito de festivais e receber vários prêmios, e está disponível na plataforma Netflix.  

O filme autobiográfico ganha ainda mais vida, aumentando a dificuldade de rotulá-lo em um gênero, ao mesclar atores profissionais e pessoas da comunidade – algumas das quais viveram a história contada no longa, e agora a revivem na dramaturgia.  

“Sem Coração” é um retrato sincero da adolescência e da ânsia de partir, gravado em cenários exuberantes no litoral nordestino, onde a diretora Nara Normande viveu a infância. 

O desenvolvimento dos personagens é impressionante e a conexão com eles, inevitável. As cenas têm uma atmosfera poética e sensível comovente.  

Em “Sem Coração”, temos a adolescência nua e crua, com seus desejos secretos, no filme expostos. “Sem Coração” é, assim como a personagem que dá nome ao longa, um filme de peito aberto. 

Sem forçar a barra e de maneira muito natural, “Sem Coração” traz reflexões e faz uma crítica social que cabe naquele local de paisagens exuberantes mas profunda desigualdade social, mas que serve para qualquer lugar do Brasil. 

Sinopse  

Sem Coração se passa durante o verão de 1996, no litoral de Alagoas. Tamara (Maya de Vicq) está aproveitando suas últimas semanas na vila pesqueira onde mora antes de partir para estudar em Brasília. Um dia, ela ouve falar de uma adolescente apelidada de “Sem Coração” por causa de uma cicatriz que tem no peito. Ao longo do verão, Tamara sente uma atração crescente por essa menina misteriosa.  

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