A celebração do Natal Solidário da Esperança, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), reuniu moradores e militantes em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, nesta sexta-feira (19). A atividade marcou a distribuição de cerca de 20 toneladas de alimentos, entre cestas e uma ceia coletiva, como parte das ações de solidariedade às famílias atingidas pelos tornados que atingiram a região no início de novembro.
O evento foi realizado no terreno onde funcionava uma escola municipal, destruída pelo tornado registrado no dia 7 de novembro. As doações vieram de acampamentos e assentamentos de diversas regiões do Paraná e simbolizaram o encerramento de 43 dias da Brigada de Solidariedade organizada pelo MST para apoiar a população afetada.
A bênção dos alimentos foi conduzida pelo padre Cristian Jardim, da Paróquia Santo Antônio de Pádua, que destacou a atuação da brigada junto às famílias atingidas. Segundo ele, as ações desenvolvidas representaram gestos concretos de cuidado e reconstrução da cidade.
As cestas distribuídas reuniram aproximadamente 30 itens, entre arroz, feijão, milho, abóbora, tomate, melado, frutas, legumes e verduras, todos oriundos da produção da Reforma Agrária. Parte dos alimentos foi doada por cooperativas vinculadas à Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA).
A ceia coletiva foi organizada em quatro mesas com alimentos variados. Entre os itens estavam 500 panetones, produzidos por mulheres do MST em cozinhas solidárias, além de 2 mil litros de iogurte, doados pela Cooperativa União Camponesa (Copran), do assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas. Bolachas produzidas pela Copavi, de Paranacity, e frutas da estação completaram a partilha.
Durante a celebração, Paulo Brizola, integrante da Cooperativa Terra Livre, do assentamento Contestado, na Lapa, ressaltou que os alimentos doados são produzidos de forma agroecológica e certificados, destacando a relação entre produção sustentável e preservação ambiental.
A programação contou ainda com apresentações culturais do cantor Zé Pinto, de Minas Gerais, e do grupo As Cantadeiras, com artistas de diferentes regiões do país.
Entre os participantes estava Vera Lucia Moretti, moradora de Rio Bonito do Iguaçu, que teve a casa danificada pelo tornado. Ela relatou o apoio recebido por equipes do MST na reconstrução da moradia e destacou a importância da solidariedade no processo de retomada da cidade.
A celebração também reuniu moradores de municípios vizinhos, como Larissa Knopf, de Laranjeiras do Sul, que acompanhou a atividade em solidariedade a familiares atingidos. Ela destacou o significado simbólico da partilha de alimentos produzidos no campo.
A cerimônia ecumênica incluiu uma homenagem à Irmã Lia, religiosa ligada ao MST desde os anos 1980 e integrante da Comissão Pastoral da Terra, falecida em novembro. Durante o momento, militantes relembraram sua atuação em defesa da agroecologia, da saúde popular e da segurança alimentar.
Os tornados que atingiram Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava foram classificados como F4 na escala Fujita, com ventos de até 418 km/h. Ao todo, sete pessoas morreram, mais de 800 ficaram feridas e cerca de mil foram desalojadas. Mesmo com perdas em acampamentos e assentamentos, famílias do MST também participaram das ações de apoio.
Ao longo da brigada, cerca de 50 mil marmitas foram produzidas e distribuídas, além da cobertura, reforma ou reconstrução de mais de 100 casas. As ações envolveram mais de mil militantes de diferentes regiões do Paraná e do Rio Grande do Sul.
A realização do Natal Solidário da Esperança contou com parceria da Prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu e apoio de projetos como Semeando Gestão, Bem Viver, do Instituto Contestado de Agroecologia em parceria com a Itaipu Binacional, por meio do Programa Mais que Energia, além do Comitê de Cultura do Paraná.

