Em disco de 1976, em plena Ditadura, Os Doces Bárbaros, projeto formado por Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia, gravaram a música “O Seu Amor”, que trazia os seguintes versos, mais atuais do que nunca, em reposta ao bordão do Regime Militar ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=4tBP1VkTBsA?ecver=2]
O seu amor
Ame-o e deixe-o livre para amar
Livre para amar
Livre para amar
O seu amor
Ame-o e deixe-o ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser
O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz
O seu amor
Ame-o e deixe-o ser o que ele é
Ser o que ele é
Nesta semana, a emissora SBT produziu vinhetas que relembram a propaganda oficial da Ditadura. Tempos sombrios. Veja o vídeo abaixo.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=2_C8et4j0Ks&w=560&h=315]
Segundo Gilberto Gil, em matéria publicada em seu site, a intenção da música gravada pelos Doces Bárbaros foi brincar com o slogan da ditadura, ‘ame-o ou deixe-o’. “Promovendo, através da substituição de uma preposição, um corte profundo de ruptura no significado reducionista, possessivista e parcial do aforismo oficial, símbolo do fechamento e da exclusão maniqueísta, para criar um outro, com outra moral, a do amor – e, portanto, absolutamente generoso, democrático e libertário. A concepção de ‘amor livre’ é também reiterada, reintroduzida como objeto de respeito e admiração à liberdade no amor, e ampliada até para um sentido mais cristão, de amor irrestrito. Minimalista já na escolha de uma máxima tão concisa e conclusa, a letra também o é na construção – na maneira como suas significações se sobrepõem como degraus de uma escada tosca, de pedreiro, somando-se com um certo desejo geométrico e uma ambição de organização aritmética de fatores numa conta de adição feita com números muito simples.”
Nos tempos ditatoriais, o poeta Paulo Leminski também ironizou o slogan do regime, com os seguintes versos:
ameixas
ame-as
ou deixe-as
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Parabéns pela reverberação de conteúdo essencial à resistência aos tempos obscuros em que estamos mergulhando.