Caso Muffato: inquérito conclui que morte de jovem foi homicídio com participação de seguranças

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte de Rodrigo da Silva Boschen, 22 anos, ocorrida em 19 de junho, e confirmou que o jovem foi vítima de homicídio após ser acusado de furtar uma barra de chocolate no supermercado Muffato, no bairro Portão, em Curitiba. A investigação aponta que Rodrigo foi perseguido, agredido e morto por seguranças e funcionários do próprio estabelecimento.

Segundo o relatório da 3ª Delegacia de Homicídios, Rodrigo foi imobilizado com um golpe de “mata-leão” e espancado por ao menos três homens após sair correndo do supermercado. Ele teria sido abordado por funcionários da loja e seguranças da empresa terceirizada Rota, responsável pela vigilância do local. Um motoboy que passava pelo local ajudou na contenção e admitiu, em depoimento, ter desferido socos contra o jovem.

Testemunhas afirmam que Rodrigo foi deixado inconsciente em um terreno baldio e que os agressores chegaram a se perguntar se ele “estava morto”. Imagens gravadas por um dos presentes mostram o momento em que o corpo foi arrastado e abandonado. Quando o socorro chegou, Rodrigo já estava sem vida, com diversas lesões na face e no pescoço.

A Polícia Civil identificou os principais envolvidos: Luiz Eduardo Alves e Antônio César Bonfim, seguranças internos do Muffato; Bryan Gustavo Teixeira, vigilante da Rota; e Henrique do Carmo, motoboy que colaborou com os funcionários. Todos foram ouvidos durante a investigação.

O coordenador de segurança do supermercado, Ailton Camargo, relatou ter ordenado por rádio que a perseguição fosse encerrada, mas os envolvidos ignoraram a ordem. O supermercado, por sua vez, alegou que a conduta dos seguranças contrariou as orientações da empresa, que proíbe perseguições externas a suspeitos de furto.

Rodrigo, que trabalhava formalmente e não tinha antecedentes criminais, foi descrito pela família como um jovem tranquilo. Seu pai informou que o filho passava por tratamento para dependência química, mas mantinha vínculo com a família e estava em processo de recuperação.

O advogado da família, Leonardo Mestre, comentou a expectativa em relação ao próximo passo no processo: “Agora já está correndo o prazo do Ministério Público de oferecer denúncia. Considerando que existem dois réus presos, o prazo é curtíssimo. A minha expectativa é que até sexta-feira já tenhamos essa denúncia e eu espero que o MP siga na mesma linha da autoridade policial. Existem margens para discussão em relação ao tipo penal, mas considero particularmente bem adequada a tipificação feita pelo delegado”, declarou.

A conclusão do inquérito marca um passo importante na responsabilização pelo crime que gerou comoção nacional. A denúncia do Ministério Público deve ser apresentada nos próximos dias.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *