O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta sexta-feira (19), em Foz do Iguaçu (PR), da inauguração da Ponte da Integração Brasil–Paraguai, estrutura que liga o município brasileiro à cidade de Presidente Franco, no departamento paraguaio de Alto Paraná. Durante a cerimônia, Lula destacou o papel estratégico da obra para o fortalecimento do comércio bilateral, a ampliação do fluxo turístico e o aprofundamento da cooperação entre os países do Mercosul.
A nova ponte foi financiada integralmente com recursos da margem brasileira da Itaipu Binacional. Antes do ato oficial, o presidente visitou a estrutura acompanhado de autoridades e realizou o descerramento da placa comemorativa que marca a abertura do empreendimento.
Em seu discurso, Lula afirmou que a ponte terá impacto direto nas economias dos dois países. Segundo ele, a expectativa é de que bilhões de dólares circulem pela nova ligação, impulsionando atividades comerciais, oportunidades de trabalho e o intercâmbio entre brasileiros e paraguaios. Para o presidente, o objetivo central é promover o crescimento conjunto das duas economias.
Além da Ponte da Integração, Lula mencionou outra obra em fase final de execução: a ligação viária entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta, no Paraguai, também financiada pela Itaipu, desta vez com recursos da margem paraguaia. A estrutura faz parte do Corredor Bioceânico, considerado estratégica para conectar o Centro-Oeste brasileiro aos portos do norte do Chile, reduzindo custos logísticos e ampliando a integração regional.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que a conclusão da ponte e da Perimetral Leste — rodovia que liga a nova estrutura à BR-277 — permite o início das operações por parte dos órgãos de fiscalização. De acordo com o ministro, Receita Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal já estão preparados, e o tráfego de caminhões seria liberado a partir do sábado (20).
Durante a cerimônia, a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann, ressaltou que a entrega da ponte corresponde a uma inauguração efetiva, com a obra concluída e os serviços necessários prontos para o funcionamento da estrutura.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, relembrou que os debates sobre a construção da ponte remontam ao início da década de 1990, mas ganharam impulso durante os dois primeiros mandatos de Lula, a partir de 2003. Segundo ele, foi no governo da ex-presidente Dilma Rousseff que a obra foi licitada, em 2014, chegando agora à fase de liberação para operação.
Verri também citou outros investimentos voltados à integração regional, como a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), criada em 2010. As obras do campus, projetado por Oscar Niemeyer, foram retomadas com recursos da Itaipu. Para o diretor, a universidade simboliza a política de integração que marca os governos de Lula, reunindo estudantes de 32 países da América Latina.
Participaram da solenidade os ministros Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) e Fernando Haddad (Fazenda), além de diretores da Itaipu e autoridades federais, estaduais e municipais.
A Ponte da Integração possui 760 metros de extensão, com um vão livre de 470 metros — o maior do continente. A estrutura estaiada é sustentada por duas torres de 190 metros de altura, equivalentes a edifícios de 63 andares. O investimento total da Itaipu no empreendimento soma R$ 712 milhões, sendo R$ 372 milhões destinados à construção da ponte e R$ 340 milhões aplicados na Perimetral Leste até novembro de 2025.
Com cerca de 15 quilômetros, a Perimetral Leste desvia o tráfego pesado do centro urbano de Foz do Iguaçu e conecta diretamente a ponte à BR-277, rodovia que liga a região de fronteira ao Porto de Paranaguá. O modelo de execução da obra foi tripartite, com o DNIT como órgão proprietário, o Governo do Paraná como executor e a Itaipu como responsável pelo repasse dos recursos.
Nos anos de 2024 e 2025, a Itaipu repassou R$ 70 milhões para as obras da Perimetral Leste, valor correspondente a 20,6% do total previsto. O último repasse da binacional para a ponte ocorreu em 2023, no montante de R$ 7 milhões, ano em que a obra civil foi concluída.
A operação da ponte será iniciada de forma gradual. A partir de sábado (20), a travessia estará liberada apenas para caminhões descarregados, conhecidos como “em lastro”, em horários definidos pela Receita Federal e pela Polícia Rodoviária Federal. Ônibus de turismo fretados também deverão ser autorizados em breve, conforme cronograma a ser divulgado pelos órgãos responsáveis.
Embora os primeiros entendimentos sobre a obra tenham ocorrido ainda nos anos 1990, com a assinatura de uma ata em 1992 e aprovação pelo Congresso em 1994, foi em 2005, no primeiro mandato de Lula, que um novo acordo internacional estabeleceu as bases técnicas e a responsabilidade financeira do Brasil. Posteriormente, a ponte foi incorporada ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2012, teve licenças ambientais concedidas em 2017 e iniciou sua construção em 2019, sendo concluída fisicamente em outubro de 2023.

