A Anatomia de um Apagão Anunciado: O Caso ENEL e o Padrão das Privatizações no Setor Elétrico Brasileiro

A recente decisão dos governos federal, estadual e municipal de São Paulo de iniciar o processo de caducidade do contrato da ENEL não é um fato isolado, mas sim o clímax de uma crise previsível e o reflexo de um padrão preocupante observado no setor elétrico brasileiro desde as privatizações da década de 1990. A análise aprofundada dos dados financeiros, operacionais e regulatórios da concessionária, em paralelo com casos similares como o da Light no Rio de Janeiro e da Copel no Paraná, revela um modus operandi que levanta sérias questões sobre o modelo de gestão privada de serviços essenciais.

Multas aplicadas pela ANEEL à Copel por conta da tensão aumentam 625% no ano da privatização

Nos últimos meses, tornou-se comum ouvir reclamações sobre as interrupções no fornecimento de energia elétrica pela Copel. Notadamente a qualidade do serviço prestado já não é mais a mesma que levou a Companhia Paranaense de Energia ao reconhecimento como melhor concessionária do país. Dados da ANEEL demonstram isso. Aumentaram as interrupções de fornecimento, aumentaram as reclamações dos consumidores. E, além disso, a Copel despencou no ranking de satisfação do consumidor da ANEEL, caindo da 5a melhor concessionária do Brasil, em 2017, para a 15a posição em 2022. Resultado dos apagões e das variações na tensão da rede.