Guilherme Bittar
No final de maio, no auge da pandemia do coronavírus, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, pedia a volta do futebol e dizia que o clube era exemplo em termos de protocolo na prevenção contra o coronavírus.
Na ocasião, Landim disse: “Por que não voltar o Futebol? Só porque a curva da pandemia é ascendente? Mas está ascendente porque outras atividades não estão usando o nosso protocolo. Qual o protocolo lojas de construção? O futebol tá dando exemplo”. E falou mais: “Pelo Flamengo estar treinando, seguindo um protocolo super correto, seria algo para a imprensa falar assim: “Olha que legal o que o Flamengo está fazendo, o exemplo do esporte poderia ser um padrão a ser seguido por outras atividades no país”.
Cinco meses depois, o clube confirmou 27 infectados pelo coronavírus em apenas uma semana, sendo 16 deles jogadores.
Não duvido que o clube tenha um excelente protocolo, principalmente comparado a times menores e com menos recursos. Mas nem mesmo o melhor protocolo é garantia contra esse vírus. O risco sempre vai existir e é ainda maior num esporte de contato. Será que o adversário segue os mesmos cuidados? Como garantir que, fora do centro de treinamento, os jogadores manterão os cuidados?
É impossível. E o drama do Flamengo, tristemente vítima da própria arrogância, só mostra como a volta do futebol foi precipitada e desorganizada no Brasil.