Os números de desmatamento no Paraná são preocupantes. Desde 2019, início do primeiro mandato de Ratinho Jr, o Estado registrou 4.688 alertas de desmatamento, conforme a plataforma MapBiomas. Cerca de 98% dos registros não têm autorização, um indício de desmatamento ilegal.
A área desmatada soma 19,7 mil hectares desde 2019, o equivalente a 19 mil campos de futebol. A média diária de desmatamento é de 12,7 hectares.
O ranking de municípios que mais desmatam no estado é liderado por Nova Laranjeiras, Prudentópolis, Guarapuava, Pinhão e Ortigueira, nesta ordem.
Mata Atlântica
Quando falamos especificamente do bioma Mata Atlântica, o Paraná aparece como o terceiro estado do país que mais desmata, atrás de Minas Gerais e Bahia.
Fiscalização
No mês passado, o governo do Estado divulgou que a região dos Campos Gerais perdeu o equivalente a 462 campos de futebol – ou 462,83 hectares – de vegetação nativa. A maior parte desta área virou pasto para criação de gado. O crime ambiental foi confirmado em operação contra o desmatamento ilegal promovida pelo Instituto Água e Terra (IAT), vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável. Foram duas sessões de sobrevoo, de quatro horas cada uma, por 11 municípios da região durante a ação de fiscalização, nos dias 25 e 26 de abril.
O balanço final apontou a existência de 48 pontos de desmatamento. No total, foram lavrados 100 autos de infração, que resultaram em R$ 3,66 milhões em multas. A medida do IAT inclui, ainda, a interdição completa das áreas para qualquer atividade econômica, além de o responsável ficar obrigado a regenerar o que foi desmatado. Os maiores focos de desflorestamento foram verificados em Ortigueira e Castro.
“Usamos o helicóptero para chegar aos locais de desmatamentos apontados pelo satélite. Foram 48 pontos de dano ambiental apenas nesta operação, pelas 11 cidades que passamos. Agora, os proprietários precisam quitar a pendência financeira e elaborar um plano de atuação para recuperar a área degradada”, afirmou o chefe da regional do IAT de Ponta Grossa, Ivan Loureiro. “Seguimos atentos, atendendo mais processos, como forma de frear esses desmatamentos”.
De acordo com o IAT, a fiscalização aérea, por satélite e aeronaves, ocorre em todo o Estado. Desde outubro de 2020, por meio de um convênio entre o IAT e o Batalhão da Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA), equipes realizam sobrevoos com helicóptero Falcão 09. Assim, o órgão fiscalizador e a PM conseguem atender aos 21 escritórios regionais do IAT espalhados pelo Paraná. As coordenadas são definidas pelos chefes de cada regional, com consulta pelo MapBiomas, após laudos técnicos produzidos pelo Núcleo de Inteligência Geográfica e da Informação (NGI) do IAT.
Nos documentos emitidos pelo NGI constam informações sobre a legalidade do desmatamento (se havia autorização), se já houve autos de infração ambiental lavrados no local, domínio do imóvel, forma de acesso, características da vegetação original, data e área do desmate, sobreposição com áreas especialmente protegidas e de preservação permanente. O material aponta, ainda, agravantes, como uso de fogo e presença de espécies especialmente protegidas, o que impacta diretamente no valor da multa.
O IAT diz ainda que, atualmente, são monitorados alertas das plataformas Mapbiomas e Global Forest Watch. As imagens de satélite utilizadas, além das disponíveis no Google Earth, são as PlanetScope, com resolução espacial de 3 metros e que são capturadas diariamente.
“Os laudos são enviados para os escritórios regionais para lavratura de autos de infração ambiental remotos com todas as informações técnicas necessárias para dar segurança e embasamento à lavratura”, destacou a engenheira florestal e responsável técnica pelo NGI, Aline Canetti. “Isso fortalece as ações preventivas do órgão, uma vez que é possível interromper o desmatamento enquanto ainda está ocorrendo”, acrescentou.
De acordo com o IAT, apenas no ano passado foram 3.411 autos de infração emitidos pelo instituto por danos à flora em todo o Paraná, com R$ 94,8 milhões em multas.