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Testamos e não aprovamos o serviço compartilhamento de bikes em Curitiba

Pneu furado nos primeiros metros

O Revérbero testou o novo serviço de compartilhamento de bicicletas em Curitiba, operado pela empresa Tembici a partir de diversas estações espalhadas pela cidade. Escolhemos o ponto da Travessa João Turim, no bairro Batel. Fomos otimistas até o nosso destino, mas não tivemos uma experiência exitosa.

Antes da locação, conferimos pelo aplicativo que havia uma bicicleta disponível na estação desejada. Fomos até lá, lemos o QR Code no equipamento e liberamos a magrela, na tentativa e erro, sem muitas dificuldades – ainda que falte um aviso de confirmação. Pedalamos serelepes por cerca de 100 metros. A alegria irradiava o nosso coração, internamente bradávamos “Viva, Curitiba!”, até que o pneu da bike furou.

Falta de sorte? Pode ser. Contudo, as bicicletas do serviço são as mais simples. Possuem apenas três opções de marcha, para deixar a pedalada mais pesada, moderada ou leve. Como não têm amortecedores dianteiros – equipamento comum em modelos até mesmo de entrada – a bicicleta é bastante dura e não absorve impactos, o que fica mais perceptível ao passar por algum buraco ou terreno irregular. Talvez, isso justifique o pneu furado.

Nosso desalento não terminou aí. Havia uma outra bicicleta na estação, mas não estava disponível para locação, sabe-se lá por quê.

As bicicletas têm um aviso no guidão que, em caso de problemas com o equipamento, pode-se acionar o botão vermelho. Procuramos, de cima a baixo, o tal botão vermelho por alguns minutos – e, pode ser por incompetência nossa, mas não o encontramos. Lembrou-me certa vez que via um carro para comprar e a proprietária garantiu que o possante tinha ar-condicionado, porém era preciso acioná-lo através de um “botãozinho” que ela não sabia onde ficava. Coisas da vida. Mas não nos deixamos abater. Como já dizia o guru Raul Seixas, se o rádio não toca a música quer você quer ouvir, é muito simples: é só girar o botão (caso o encontre).

Para devolver a bike não foi tão simples quanto para retirá-la. É preciso posicioná-la de tal maneira que ela trave na estação. Demoramos alguns segundos para obter êxito. Não há aviso luminoso ou sonoro de que a devolução ocorreu acertadamente, o que gera insegurança de que procedimento tenha sido, de fato, bem-sucedido, e que você não está entrando numa cilada e possa ser acusado de algo posteriormente.

Também não encontramos no aplicativo maneiras de relatar o problema com a viagem. “Perdemos” a locação, não conseguimos substituir a bike e não pudemos informar o contratempo para ter algum tipo de reembolso. Culpa nossa, quem sabe, por não ter encontrado o botão vermelho.

Esse episódio aconteceu na semana passada. Cinco dias depois, a bicicleta com pneu furado segue na estação da Travessa João Turim, sem ser substituída ou reparada. Apenas ela e a outra bicicleta que já não estava disponível para locação. O aplicativo pelo menos não mentiu. Apesar de as duas bikes estarem lá, possivelmente ambas com problema, consultamos o app nesta terça-feira, dia 25, e ele sinalizou que havia 0 bikes disponíveis.

A ideia de criar estações para aluguel de bicicletas é excelente e pode ser que o serviço seja um sucesso em Curitiba. Torcemos por isso, pois bicicletas são uma excelente opção de mobilidade, além de saudáveis. No entanto, para que o serviço tenha êxito e não vida curta igual outras experiências recentes, receamos que algumas melhorias tenham de ser promovidas. Como o serviço ainda está em período de teste, este é momento de observar os problemas e ligar, senão o botão, o alerta vermelho e melhorar a experiência do usuário.

Atualização

Nós voltamos há pouco na estação e sim, existe o botão vermelho. Mas não, não é fácil encontrá-lo e a orientação é confusa. Primeiro, o aviso não deixa claro onde é o botão – que não fica na bicicleta, mas na estação. Depois, ao seguir a orientação e travar a bicicleta em seu posto, o botão fica escondido, simplesmente impossível de ser enxergado.

Aviso sobre o botão é confuso e não indica se ele fica na bike ou na estação

Botão de alerta fica camuflado na estação, quase impossível de ser visto

O serviço

Curitiba terá estações para aluguel de bicicletas. O serviço será operado pela empresa Tembici.

A operação deve se consolidar em setembro deste ano, após a instalação das estações que estão sendo montadas em endereços por toda a cidade, em parques e próximos a praças e terminais de transporte do centro e em bairros, pontos de grande circulação de pessoas. A previsão é que haja 50 unidades em funcionamento e 500 bicicletas para locação.

De acordo com a prefeitura de Curitiba, o sistema de compartilhamento de bikes com estação irá funcionar 24h, sete dias por semana, permitindo o acesso a informações, o cadastramento de usuários, retirada e devolução das bikes, de forma ininterrupta.

O sistema de compartilhamento de bikes com estação é acompanhado de soluções tecnológicas para permitir o acesso a informações, o cadastramento de usuários, retirada e devolução das bikes de forma digital. Para que possam utilizar as bicicletas, os usuários terão que fazer um cadastro e adquirir um plano pelo aplicativo de celular que será disponibilizado pela Tembici.

A empresa oferecerá assinaturas variadas, como viagem única, plano lazer, plano mensal e plano anual, para contemplar usuários eventuais e habituais. Os preços ainda estão sendo definidos pela empresa e vão depender do número de patrocinadores. Após o uso, a bike precisará ser devolvida obrigatoriamente em uma das estações.

A fiscalização do serviço será de responsabilidade da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito, através da Superintendência de Trânsito (Setran).

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