Não teve jogo do Brasil contra a Jamaica, na última partida da fase de grupos da Copa do Mundo de Futebol Feminino. A seleção brasileira não conseguiu construir com a bola nos pés e, sem ameaçar o oponente, se despede melancolicamente da competição.
Dessa vez, a seleção nacional teve estrutura para se preparar. Com ampla cobertura da imprensa e transmissão em TV aberta, a Copa era uma oportunidade para fazer o futebol feminino cair no gosto do público brasileiro. Bola fora da seleção canarinho.
Faltou o futebol. Faltou a Rainha Marta. Naturalmente, a questão é muito maior que a Copa em si, e começa pela valorização do futebol feminino no país durante o ano inteiro. A organização tem melhorado, mas ainda é muito distante da realidade do futebol masculino.
A Copa do Mundo era a chance de ouro para diminuir esse abismo e mudar o futebol feminino de patamar no Brasil. Isso se a seleção tivesse uma participação encantadora, capaz de mobilizar a torcida e, avançando de fases, unir famílias em frente à televisão, o que não aconteceu.
Contra a Jamaica, vimos um futebol melancólico, falta de padrão tático, erros bobos e pouca intensidade. A técnica sueca Pia tem sua parcela enorme de culpa e prova que treinadores estrangeiros não são solução para tudo.
No futebol, quando se trata de seleção – seja masculina ou feminina – o brasileiro é acostumado a vencer e o nível de cobrança é alto. Se seleção feminina perdesse para os Estados Unidos, Alemanha, França ou qualquer outra seleção europeia, onde o investimento é absurdamente maior, seria triste, mas compreensível. Mas não ganhar da Jamaica é frustrante – e, nesse caso, a derrota não pode ser explicada apenas pelo quesito investimento.
A Jamaica, por sua vez, merece todos os aplausos. Com pouquíssima estrutura — chegou a fazer vaquinha para conseguir ir à Copa – obteve uma classificação heroica. O esporte tem dessas coisas. Às vezes, os mais fracos conseguem brilhar e se superar. E seleções de camisas pesadas ficam pelo caminho.
A seleção brasileira não perdeu só a Copa. Perdeu a chance de dar um salto necessário esportivamente no país. Não é motivo para desistir, mas sim para continuar investindo mais e mais na categoria. As atletas que atuam no Brasil são verdadeiras guerreiras – ainda que a seleção tenha boa parte de jogadoras em outros países. Aquelas que jogam em times nacionais, na maioria das vezes com salários míseros, não têm culpa pela eliminação. É por elas, que enfrentam diversas barreiras, que temos a obrigação de continuar apoiando e torcendo.