Retomar o crédito ao audiovisual brasileiro é urgente, e o BNDES pretende disponibilizar R$ 500 milhões em recursos para financiar o setor “o mais rápido possível”. O diagnóstico é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, que abriu, nesta quarta-feira, 30, o “Seminário BNDES do Audiovisual Brasileiro”, na sede da instituição, no Rio de Janeiro.
O evento, apoiado pelo Ministério da Cultura (MinC) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine), reúne, ao longo do dia, gestores públicos, especialistas, representantes de associações de profissionais e de empresas do setor para discutir e propor ações dentro de uma estratégia de desenvolvimento nacional. “Precisamos de uma agenda ofensiva em defesa da cultura, do cinema e do audiovisual brasileiro”, afirmou Mercadante na abertura, marcada por uma homenagem à atriz Fernanda Montenegro e ao cineasta Luiz Carlos Barreto.
Presente na cerimônia, a ministra Margareth Menezes lembrou que o seminário acontece no momento que as políticas públicas da Secretaria do Audiovisual (SAV) estão sendo retomadas. Também ressaltou a aprovação, pela Comissão de Educação e Cultura (CE), na data de ontem, do PL 3.696/2023, que prorroga o prazo de obrigatoriedade de exibição de obras cinematográficas brasileiras na TV paga. Participando por vídeo, o relator do projeto, senador Humberto Costa, avaliou que a cota é fundamental na reconfiguração do setor audiovisual.
“É imensurável o prejuízo que temos com a falta de compreensão do potencial econômico e transformador desse setor”, destacou a ministra Margareth, afirmando ter por desafio reconstruir, rearrumar e ressignificar o audiovisual e o cinema brasileiro não só na sua dimensão histórica, mas pelo potencial de geração de economia e difusão cultural.
Levantamento feito em 2022, pela Motion Pictures Association (MPA), em parceria com a Oxford Economics, mostra que o impacto direto e indireto e induzido do setor no Brasil representou, em 2019, R$ 56 bi no PIB, 657 mil empregos gerados e R$ 7,7 bi de impostos arrecadados.
Em 2020, segundo Mercadante, a economia da cultura e as indústrias criativas corresponderam a 3,11% do PIB, “valor maior que o da indústria automotiva, que foi de 2,5%”. Ele lembrou ainda que essa é uma indústria sustentável, que gera empregos de qualidade e abre oportunidades de trabalho, principalmente entre os jovens.
Apoiador histórico – Desde 1995, o BNDES apoia a cultura, com um histórico relevante no setor audiovisual. Em 2006, incorporou a economia da cultura à estrutura operacional da instituição, tendo utilizado diferentes instrumentos financeiros não-reembolsáveis, reembolsáveis e de renda variável.
De lá para cá, apoiou 454 filmes por meio de editais de cinema e mais de 80 filmes e séries via crédito. Também viabilizou a implantação de oito estúdios cinematográficos e, em parceria com a ANCINE, na condição de agente financeiro do Fundo Setorial do Audiovisual, financiou a implantação ou reforma de aproximadamente 300 salas de exibição em mais de 40 cidades do país. Essa parceria permitiu também digitalizar mais de 1.000 salas de cinema.
Outro papel histórico do BNDES, destacado pelo presidente do Banco, é o de articulador junto a outras empresas estatais, como Petrobras, federações de indústria e comércio, CNI e Febraban. “Queremos deflagrar uma ampla aliança em defesa do audiovisual brasileiro”, disse. Ele também reforçou a necessidade de criação de uma política de regulação para as plataformas de streaming, a exemplo do que ocorreu na União Europeia.
O Seminário BNDES do Audiovisual Brasileiro está sendo transmitido ao vivo no canal do BNDES no YouTube (youtube.com/bndes) e conta com a participação de nomes como o ator Lázaro Ramos e o ex-ministro da Cultura e assessor da presidência do BNDES, Juca Ferreira.