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Ilha de Superagui enfrenta o abandono do governo do estado

Trapiche mal chega até o mar e barcos não podem utilizá-lo, pois encalham

Um lugar paradisíaco, com história, cultura e relevância ambiental únicas, mas que enfrenta o abandono do poder público. Essa é realidade da Ilha de Superagui, no litoral paranaense, e das cerca de 700 pessoas que moram na comunidade. A ilha não tem o mínimo de acessibilidade para chegar ou deixar o local. O Trapiche, devido às alterações da maré, mal chega até o mar e barcos não podem utilizá-lo, pois encalham. A obra de extensão é aguardada há mais de dez anos. A única forma de entrar ou sair da ilha é entrando no mar para embarcar ou desembarcar, o que gera dificuldades para pessoas com mobilidade reduzida.

Paralelo a isso, a pesca, principal atividade da região, sofre com a falta de incentivos. Os pescadores pedem há anos a construção de um fábrica de gelo, para diminuir custos e aumentar a produtividade. Os produtores precisam comprar gelo de fora para conservar a pesca, o que custa caro. Outra demanda é apoio para criação de uma cooperativa, para que os trabalhadores tenham melhores condições de negociar as mercadorias.

A única escola da ilha precisa contar com a boa vontade do tempo. Quando chove, muitas vezes é preciso cancelar as aulas, pois o entorno da escola alaga.

Assim fica o caminho para a escola em dias de chuva

O turismo é outra fonte importante de renda, mas esbarra na falta de acessibilidade e de um trapiche que possa ser utilizado para que os turistas desembarquem com o mínimo de segurança e comodidade. Além disso, em temporada é comum problemas de abastecimento de água.

Ao conversar com a reportagem, uma moradora afirma: “Nem nós que moramos aqui estamos acostumados com esse mar e as dificuldades para embarcar ou desembarcar, imagina quem vem de fora”.

Ao passo em que os moradores se orgulham da forma rústica do local onde vivem e gostam de preservar tradições, eles querem o mínimo de infraestrutura. A ilha resiste a pressões imobiliárias – pessoas de fora não podem construir ou se mudar, exceto em raras situações.

O dono de um restaurante é um dos moradores que veio de fora, após se casar com uma moradora caiçara há 15 anos. Conhecido por fazer um dos melhores peixes da região, simpático e bom de papo, ele logo avisa, em tom de brincadeira: “Aqui é primitivo. Se quiser luxo e shopping, tem de ir para Ilha do Mel”.

As obras do governo em Matinhos e Guaratuba que entram na propaganda oficial nem de longe chegam a Superagui. A comunidade e seus problemas ficam longe dos olhos dos paranaenses. É uma das últimas ilhas do Paraná. A distância talvez explique a inoperância do poder público. Superagui precisa de mais, a começar pelo básico.

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