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Grama sintética nunca será melhor que a natural

Deterioração do campo do Palmeiras comprova que Athletico tem o melhor campo sintético do país. Ainda assim, grama sempre será a melhor alternativa em termos ecológicos e esportivos

Os campos sintéticos estão tomando conta de jardins de casa e condomínios, playgrounds, parques públicos e campos de pelada e de futebol profissional. Até o BBB (Big Brother Brasil), a casa mais vigiada do país, conta com um. Tudo isso não é, necessariamente, uma boa notícia se forem considerados os impactos ambientais. Esportivamente, a grama sintética também não é a melhor solução, como mostra a deterioração do campo do Palmeiras, fato que reacendeu o debate sobre a questão.

Por mais tecnologia que um sistema de grama artificial tenha, jamais será possível superar a natureza. Um gramado, quando bem cuidado e em estado ideal, é muito melhor em termos de absorção de impacto, diminuindo o risco de lesões, e conforto para a prática do esporte.

No caso do Palmeiras, o estado do campo é um desrespeito com jogadores e torcedores. As imagens do composto sintético derretido e grudado na chuteira dos atletas é uma vergonha para o clube, para a administradora do estádio e para a empresa que instalou o piso.

O desgaste precoce do campo do Palmeiras mostra, também, que o Athletico Paranaense tem o melhor gramado sintético do Brasil. O que aconteceu no clube paulista jamais acontecerá com o Furação. O campo da Arena da Baixada chega muito mais próximo de um gramado natural, pois utiliza um sistema absolutamente diferente do Verdão. Tem até cheiro de mato. Isso porque enquanto o campo do Athletico é forrado por um composto orgânico, com casca de coco e areia, o palmeiras usa borracha. Na teoria trata-se de um composto termoplástico que, diz o fabricante, não esquenta. Pode até não esquentar, mas derrete, como vimos neste final de semana.

Não é, contudo, nos gramados de futebol profissional que está o maior problema da grama sintética, mas na sua proliferação Brasil afora. A tecnologia empregada em campos amadores é muito inferior aos moldes profissionais. A maioria dos pisos usa borracha comum, material que esquenta absurdamente debaixo de sol. Durante o dia, é praticamente impossível utilizar em dias de calor. Na parte ambiental existe um impacto imediato. Enquanto áreas verdes contribuem para a dissipação do calor e diminuição do efeito estufa, os gramados artificiais fazem justamente o inverso. Outro reflexo acontece na prevenção de enchentes. Áreas verdes ajudam a drenar o solo – capacidade esta que é reduzida em campos artificiais. Ainda há um impacto de médio prazo, uma vez que campos artificiais são feitos de plástico, o que significa extração de recursos naturais.

Por isso, não deixa de ser preocupante que se invista maciçamente em gramados artificiais para quadras esportivas públicas a céu aberto, sem falar no uso residencial.

É verdade que o modelo artificial contribui para democratizar a prática do esporte, pois tem custo de manutenção mais barato e, assim, é possível construir mais quadras. É preciso levar isso em consideração, mas a alternativa não chega a ser um gol de placa.

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