**

Em edição de redenção, Oscar tem poucas surpresas

Após uma edição bastante limitada em 2023, que acabou na coroação do insuportável “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, este pode ser considerado o ano da redenção para o Oscar.

A edição teve filmes bem melhores na disputa, mas o resultado não trouxe muitas surpresas. Como era esperado, “Oppenheimer” levou as principais estatuetas. Com certeza, é o filme mais grandioso desta edição do prêmio, o que não quer dizer que é o melhor.

“Oppenheimer” tem muitos méritos, principalmente em termos técnicos. O filme como um todo é bom, mas não surpreende e, às vezes, é cansativo.

Talvez o que mais assuste em “Oppenheimer” seja o fato de vermos que, embora a ciência normalmente seja alçada a um patamar quase divino, no final das contas são homens que definem o rumo das coisas. E homens têm vaidade e ambições, que podem prevalecer em relação à ética e aspectos morais. Assim, junto a um sentimento meio tosco de patriotismo e a uma preocupação (do ponto de vista americano) de que a tecnologia caísse em mãos erradas, nasceu a bomba atômica. É uma história que precisava ser contada.

Mas o filme que tem o melhor enredo é “Anatomia de uma Queda”. Alem disso, traz uma atuação magistral de Sandra Hüller, que merecia o Oscar. Em vez dela, quem ganhou foi Emma Stone, por sua atuação em “Pobres Criaturas”, no que pode ter sido um aceno da academia ao público jovem, o que é válido.

“Anatomia de uma queda” tem sutilizas, bons diálogos e é conduzido com maturidade – sem querer chocar, porém sem ser blasé. É um filme de julgamento que não se passa apenas no tribunal. O longa consegue construir personagens com enorme profundidade. Seria difícil desbancar uma produção do tamanho de Oppenheimer que, de quebra, ainda cativa a academia com uma história legitimamente americana. Mas seria justo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *