O futebol remelento sob o comando de Fernando Diniz que marcou a seleção brasileira na curta passagem dele como como treinador é página virada de linhas toscas que não merecem releitura.
Antes de chegar à seleção, alguns clubes brasileiros já haviam sofrido com os conceitos atrapalhados do treinador para quem o resultado é um detalhe e o bonito é troca de passes lenta, numa evolução entediante.
Diniz conseguiu ser o pior treinador da história da seleção.
Em si, ele não seria um problema se não fosse a avalanche midiática e o deslumbre que envolvem o nome do técnico na imprensa esportiva.
Seu time de defensores nas mesas-redondas normalmente argumenta que ele é inovador e tenta fazer diferente.
Inovar é sempre positivo, mas querer reinventar um jogo com quase 150 anos, no qual a vitória sempre será o fim almejado, é uma insanidade. O Dinizismo não tem qualquer ponto defensável, pois nem esteticamente se salva. Salvo no Fluminense do ano passado, o futebol dos times comandados por Diniz, como São Paulo, Santos, Athletico-Pr, poucas vezes foi plástico – o que dominava era a posse de bola sem verticalidade e velocidade. Futebol chato e baixo astral.
Estrategicamente sempre foi burro, ao permitir que os adversários se postassem na defesa bloqueando facilmente ações de ataque, e se favorecendo nos contra-ataques.
Quando o Dinizismo dava com o burro n’água, a desculpa era e continua a mesma: Diniz, este gênio incompreendido, precisa de tempo, esse bem precioso que passou a ser um privilégio quase que exclusivamente dele.
Uma coisa é inquestionável: o apoio de cronistas ao Dinizismo é um fenômeno de marketing, sem qualquer respaldo na trajetória claudicante do treinador.
Mas deixemos a imprensa agarrada ao barco furado do Dinizismo, porque essa o torcedor já venceu, e falemos do futuro.
Futebol é instinto e inteligência emocional. É também estratégia de jogo, tática, mas, principalmente, habilidade individual dos jogadores, sem a qual os dois itens anteriores ficam comprometidos.
Boa parte da imprensa esportiva brasileira, com o deslumbre de praxe, convencionou que a salvação do futebol brasileiro e a maior revelação da área técnica era o despreparado Fernando Diniz.
Dorival Junior é só mais um a provar que não, mas agora com uma audiência considerável. Em dois jogos, ele deixou o Dinizismo nu, recuperando o futebol da seleção e até retomando o gosto de muitos em acompanhar o selecionado nacional.
Dorival tem a humildade de saber que não é um gênio – o Diniz tem certeza que é. É um excelente treinador, mas não se coloca acima do jogo e dos verdadeiros protagonistas, que são os atletas.
Não conta com um storyteling da imprensa, que não o pinta como moderno, estudioso e inovador – qualidades que preferem atribuir ao inócuo Diniz. Mas, em campo, pelo menos nos dois jogos da seleção, ele foi muito mais moderno, estudioso e inovador que seu antecessor. Foi uma goleada, um nó tático, apresentando um meio de campo dinâmico, que marca e joga, pontas envolventes, e uma defesa sólida. Levou três da Espanha, porém, dois de pênaltis não inexistentes. E ganhou da Inglaterra, superando o tabu contra seleções europeias.
A reconstrução da seleção passa por muitos pontos além do futebol. As vitórias recentes não são caso de deslumbre. Mas, depois de muito tempo, também não é de desespero e há uma luz no fim do túnel.