Por Milton Alves*
Um dos parlamentares mais combativos da esquerda brasileira, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) é um alvo constante de ataques da extrema direita no parlamento e fora dele, nas ruas e nas redes sociais.
O episódio ocorrido na terça-feira (16) nas dependências da Câmara de Deputados, quando o parlamentar foi insultado por um meliante da extrema direita, vinculado ao Movimento Brasil Livre (MBL), foi mais um dos inúmeros atos e práticas adotadas por esse grupelho, integrado por fascistoides e seguidores da cartilha do jornalista Olavo de Carvalho, um extremista de direita, que defendia o “esculacho” em público para desmoralizar e intimidar as lideranças de esquerda.
Portanto, merece todo apoio a atitude correta e profilática de Glauber Braga, de defender a sua integridade física e moral, ao retirar o provocador do recinto da Câmara de Deputados. O parlamentar não agrediu fisicamente o provocador, apenas usou a energia necessária para retirá-lo do ambiente.
É preciso erradicar a prática odiosa do “esculacho” e do assédio físico e verbal como forma de ação política. Na última década, tal prática foi normalizada em locais públicos – aeroportos, restaurantes, até em hospitais -, por militantes da extrema direita – bolsonaristas, lavajatistas, entre outras facções políticas.
Uma coisa é o protesto político coletivo – politizado e legítimo – contra uma autoridade do Executivo ou do Parlamento, baseado em demandas ou posições políticas e ideológicas nas ruas e redes sociais. É do jogo, faz parte do debate político público e democrático. Outra coisa, é o esculacho, geralmente agressivo, com palavras de baixo calão, depreciativo, preconceituoso e moralmente assediador.
O MBL é o grupo que utiliza de forma recorrente tais métodos para atacar seus adversários políticos e ideológicos, buscando ganhar projeção política e viralizar nas redes sociais. Muitas vezes em busca da lacração recorre ao anticomunismo mais primitivo, ao preconceito racial e classista, à misoginia e ao assédio sexual como foi o caso do ex- deputado, cassado, Arthur “Mamãe Falei”, com as jovens mulheres refugiadas de guerra na Ucrânia.
A esquerda – seus dirigentes e militantes – precisa reagir, com vigor e energia, para conter a extrema direita em todos os terrenos da luta política e ideológica, proteger seus líderes políticos, suas organizações e ativistas. Nas manifestações de massas, retomar o velho e bom serviço de ordem para evitar os provocadores e a repressão policial.
Que a conduta altiva do deputado Glauber Braga, assim como foi a atitude do dirigente comunista Carlos Marighella, que desarmado resistiu à prisão após o golpe militar, em maio de 1964, numa sala do Cine Eskye-Tijuca, e foi baleado por esbirros da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops), uma das polícias políticas então existentes no país, se torne um ponto de virada na conduta da esquerda no enfrentamento ao fascismo, rompendo com o atual comportamento de intimidação política e flacidez ideológica.
Todo apoio ao deputado Glauber Braga e a luta pela preservação de seu necessário mandato parlamentar, ameaçado pela perseguição do presidente da Câmara dos Deputados, o escroque Arthur Lira (PP-AL).
*Jornalista e autor dos livros “Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país”[Editora Kotter, 2022] e de Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil” [Kotter, 2021], entre outras obras. É militante do PT em Curitiba.