O ataque contra o candidato a presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve efeito em cadeia. O atentado comoveu o mundo, causou polêmica nas redes, reacendeu o debate sobre o episódio envolvendo Bolsonaro, em 2018, e deixou no ar muitas perguntas ainda sem respostas.
Antes de tudo, é preciso deixar claro: o ataque aconteceu e isso não é uma invenção. Uma pessoa que estava na plateia morreu. Trump ficou ferido após os tiros e, por pouco, não foi uma das vítimas.
Não se nega o atentado, mas a circunstância em que aconteceu ainda causa muitas dúvidas. O mais intrigante é o fato de o Serviço Secreto dos Estados Unidos não ter feito varredura no prédio onde atirador estava, a poucos metros do palco, conforme a própria instituição admitiu nesta segunda-feira.
Num país que volte e meia sofre com atentados praticados por armas de fogo, em um evento que teria a participação de uma figura pública repudiada por muitos e a presença de multidão, como entender que o dever de casa tenha sido negligenciado?
Como exemplo, olhemos para o Brasil, mas deixaremos de lado, por ora, o episódio envolvendo Bolsonaro. Vamos para 2022. Quando o Lula foi a Curitiba, em março, na pré-campanha — e olha que o Brasil não tem a mesma cultura de armas e atentados que os Estados Unidos — houve um super esquema de segurança no Complexo Positivo.
Aliás, o evento foi feito em local fechado propositalmente, para aumentar a segurança.
Já na campanha e sem condições de comportar um grande público em local fechado, Lula fez um comício na Boca Maldita, também na capital paranaense, atraindo cerca de 100 mil apoiadores. Mais uma vez, um super esquema de segurança, no qual só entravam pessoas revistadas. Havia atiradores de elite em vários prédios
Voltando aos Estados Unidos, onde Trump sofreu um ataque: a falta de varredura nos arredores do comício é muito amadorismo referente a um Serviço Secreto que, notoriamente, não tem nada de amador.
É imprescindível que haja investigações firmes e independentes para apurar a motivação do atentado, que naturalmente deve ser repudiado com veemência. Afinal, violência e políticas não podem caminhar juntas. É justamente na política que se busca o diálogo e a superação de conflitos.
Sabe-se que o atirador era filiado ao Partido Republicano, o mesmo de Trump, mas ainda se desconhecem as motivações para o ataque.
De resto, a repercussão política é inevitável, com Trump se fortalecendo no cenário eleitoral – assim como aconteceu com Bolsonaro, em 2018. A vitimização inevitável diante do ataque, bem como a atitude do candidato para soar heroico ao se levantar logo após os tiros, contribuem para que conquiste a simpatia sobretudo de eleitores indecisos.
Mas tem chão até as eleições. Resta saber até quando o atentado pautará — ou desviará — o debate político nos Estados Unidos.