Ode à cadeirada

Não é que ela seja louvável,

mas foi necessária

Fosse um rato ou um bicho ainda mais nefasto,

você ficaria apenas olhando?

Tal qual um gado no pasto?

Não feriu, mas virou arma.

Tem representatividade.

Deixou o pulha desmoralizado.

Se é quinta-série,

que seja ao quadrado,

e o boçal encadeirado.

É até mesmo improvável

que um dia fosse virar marca, ao ser aplicada

contra um sujeito que faz cena em maca,

e usa oxigênio sem necessidade.

Aquele mesmo que seu mentor deixou faltar

pra quem precisava de verdade.

Virou a revolta que não espera sentada,

que não engole a boçalidade

E isso não é uma mera banalidade.

É uma senhora cacetada.

—-

Não é brincadeira ou piada,

nem apenas reação desaforada

Afinal, jacaré que fica parado vira sapato.

Mas madeira que vira cadeira,

quando se torna ato

Vira arte.

E até mesmo vanguarda

Com o belo, sucinto e apropriado nome

de cadeirada.

A cadeirada já não tem mais dono.

Virou domínio público.

Usada contra o “boca de quiabo”,

tornou-se expressão coletiva

Cadeira parada, oficina do diabo.

Daqui pra frente ela vai estar nas festas juninas

“Olha a cadeirada! É mentira!”

E nas brincadeiras:

“Ele vai dar uma cadeirada na barata dela!”

Virou poesia, folclore, história

A cadeirada matreira

—-

Se dá pena, é apenas nos incautos

Que se prendem aos autos sem olhar a realidade

Pra quem tem a antena ligada 

E não quer se deixar levar de assalto

Nossa homenagem à ela, a cadeirada

—–

Cadeirada: o ato manifesto contra a estripulia

e a falta de cárater

Requer atualização no dicionário.

Não pode ser usada de modo arbitrário.

Mas com classe, cautela e bem aplicada

Pode ser a arma contra um salafrário

Aplicada sob medida

na política mercenária

torna-se viva. 

Vira lenda.

Uma cadeira cativa.

Uma cadeirada honorária.

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