Existe autocrítica no governo Ratinho-Greca?

Foto: Arnaldo Alves/AEN

Por Rafael Perich*

A análise da situação política atual no Paraná revela uma série de preocupações significativas. Os governos de Ratinho Jr. e Rafael Greca têm demonstrado características nos últimos 8 anos que suscitam questionamentos sobre seus métodos e prioridades. Existe um padrão de comportamento que prioriza a manutenção do poder em detrimento do serviço efetivo ao povo.

É notório o uso estratégico de emendas, cargos e influência para controlar os parlamentos. Tal abordagem levanta questões sobre a integridade do processo democrático e sua eficácia em representar os interesses dos cidadãos.

Outro aspecto preocupante é a utilização do aparato policial para conter vozes dissidentes. Manifestações contra medidas impopulares, frequentemente relacionadas à redução de direitos ou à privatização de patrimônio público, têm sido enfrentadas com força desproporcional.

As consequências dessas políticas são evidentes na deterioração dos serviços públicos. Este declínio representa uma erosão significativa do patrimônio social construído ao longo de décadas.

No contexto das próximas eleições, observamos uma polarização crescente. De um lado, temos o candidato apoiado pela atual estrutura de poder. Do outro, uma candidata que se posiciona mais à direita, com propostas consideradas radicais. É compreensível que certos segmentos da população, particularmente servidores públicos e cidadãos desiludidos, possam ser atraídos por opções políticas mais extremas (e malucas).

Este fenômeno pode ser atribuído a um acúmulo de frustrações. Anos de promessas não cumpridas e a sensação de negligência e desvalorização criam um terreno fértil para ideias que, em circunstâncias normais, seriam prontamente rejeitadas. Embora compreensível, esta tendência apresenta riscos significativos para a estabilidade política e social.

A ausência de autocrítica no governo Ratinho-Greca é evidente. Ambos os líderes frequentemente alardeiam sua popularidade e aprovação, mas essa confiança excessiva parece ter levado a uma governança desconectada das reais necessidades do povo. Apoiados em suas altas taxas de aprovação, eles têm tomado decisões unilaterais sem considerar adequadamente o impacto a longo prazo para os cidadãos.

Que o Paraná possa emergir deste ciclo eleitoral com uma liderança que não apenas clame ser amada, mas que demonstre esse amor através de ações concretas, políticas inclusivas e uma governança transparente e responsável.

*Doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná.

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