Por Rafael Perich*
As fundações e institutos partidários são instituições de extrema importância no contexto político brasileiro. Esses organismos, embora pouco conhecidos pela maioria, funcionam como uma contrapartida do sistema partidário à sociedade. Apesar de operarem discretamente, desempenham um papel crucial na interface entre os partidos e a população.
Qual é a ideia? Levar educação política. Trata-se de dialogar com as pessoas para que compreendam melhor o funcionamento do sistema político, oferecendo-lhes a oportunidade de se inserir nos partidos. Dessa forma, os partidos compartilham o conhecimento de seus filiados, fazendo com que aqueles que desconhecem o processo se sintam incluídos e representados.
Aí se revela a atuação efetiva dos partidos: existem diversos modelos de fundação, como aqueles com sedes regionais e enraizamento em não filiados, e outros com ensino à distância restrito aos filiados. Qual o problema do segundo modelo? Ele limita uma atuação que poderia expandir horizontes, retira ferramentas dos dirigentes partidários e conduz à autofagia da militância, que se forma e discute internamente, enquanto a realidade segue seu curso lá fora.
Não quero dizer que ignorem a realidade ou desconheçam os problemas, mas falham em trazer a sociedade para dentro da discussão. Fala-se muito sobre como alcançar as bases para fazer crescer partidos e ideologias, sobre os mistérios do crescimento da direita em comunidades e igrejas, mas esquece-se de fazer o básico com instituições já constituídas e recursos estabelecidos para esse fim.
Preferem manter os intelectuais dos partidos discursando para suas claques, do alto de suas torres de marfim, fingindo formar candidatos a cada dois anos, em vez de realizar o árduo trabalho de formiguinha para construir uma verdadeira inserção social.
É crucial que as fundações partidárias se tornem espaços de inovação política. Elas devem ser incubadoras de novas ideias e propostas, fomentando a pesquisa e o desenvolvimento de soluções para os desafios contemporâneos. Ao fazer isso, as fundações não apenas fortalecem os partidos, mas também contribuem significativamente para o avanço da sociedade como um todo.
Além disso, é fundamental considerar o papel das fundações partidárias na formação de lideranças locais. Estas instituições têm o potencial de criar uma rede capilar de influenciadores políticos que podem atuar como multiplicadores das ideias e propostas do partido em suas comunidades. Isso não apenas fortalece a base do partido, mas também contribui para uma democracia mais participativa e representativa.
É hora de repensar a principal porta de entrada do partido… depois de um líder carismático.
*Doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná