Após início com ameaças de prisão, consultas sobre privatização das escolas serão retomadas com proibição do voto de estudantes

Início das consultas teve presença policial

As consultas nas escolas começaram na sexta-feira, dia 6, com ameaças de prisão por parte da polícia, truculência e direcionamento do voto, conforme denúncias da deputada Ana Julia (PT) e da APP Sindicato, e serão retomadas nesta segunda-feira, dia 8, com a proibição do voto de estudantes.

Neste sábado, a Upes conseguiu uma assegurar, junto ao Tribunal de Justiça do Paraná, o direito ao voto para todos os estudantes com mais de 16 anos na consulta das escolas. Mas um dia depois, o desembargador Domingos Fonseca, o mesmo que concedeu a liminar favorável aos jovens, voltou atrás e derrubou a própria decisão, após pedido de reconsideração formulado pelo governo do estado.

A deputada Ana Júlia Ribeiro (PT) questionou a medida: “O que mudou em um dia? A insegurança jurídica deste processo conduzido pela Seed reforça as irregularidades da privatização da educação. Amanhã é o dia! Seguimos na luta e mobilizados junto à comunidade escolar. VOTE NÃO!”, postou nas redes.

Diante da decisão, a APP Sindicato enviou uma orientação à comunidade escolar. “Infelizmente, todas as nossas formulações e legislações que constituem a gestão democrática das escolas e da sociedade não têm encontrado respaldo no judiciário paranaense. A “tese do governo” continua com os pareceres favoráveis e de forma célere. Reconhecemos que essas decisões constituem revezes, mesmo que temporários, duros e injustos na luta por uma gestão escolar verdadeiramente democrática e inclusiva”, protestou a entidade.

No entanto, a APP disse que é essencial continuar a batalha e decisão judicial não encerra a luta em defesa da educação pública. “Pelo contrário, ela reforça a necessidade de unirmos ainda mais forças para defender os direitos de toda a sociedade. A APP-Sindicato permanece ao lado de todos os membros da comunidade escolar, oferecendo suporte e mantendo um diálogo constante com as entidades representativas, como a UPES”.

“A luta por uma educação pública democrática e de qualidade é uma construção coletiva, feita com coragem, esperança e perseverança. Juntos seguiremos adiante”, escreveu a o sindicato.

Início conturbado

Na sexta-feira, dia 6, conforme denúncias da deputada Ana Júlia, nos colégios Dom Orione, Isabel Lopes e Ivo Leão a polícia foi chamada e passou a intimidar a comunidade escolar para evitar a mobilização sobre a votação. No Ivo Leão, a direção teria adotado a postura de direcionar o voto dos alunos, pelo voto favorável ao Governo ou então não votar “porque não adianta nada”. Situações semelhantes foram relatadas no colégio Santo Agostinho.

De acordo com a parlamentar, pais e responsáveis estão sendo ameaçados e movimentos sociais estão sendo intimidados nos arredores das escolas, inclusive com risco de prisão. “Estamos recebendo vídeos e áudios com abordagens que contrariam o direito de ir e vir e a livre expressão da opinião. Os alunos estão sendo intimidados a votar de acordo com o governo, e isso é inadmissível”, afirmou a deputada, que está recebendo as denúncias para dar andamento a medidas judiciais.

Na quinta-feira, a Seed emitiu uma orientação buscando impedir que ações contrárias à privatização fossem realizadas fora das escolas. Em alguns colégios, a PM obrigou a retirada de faixas. Para a deputada, a medida é ilegal e afronta a Constituição. “A Seed não tem jurisdição para determinar qualquer coisa fora das escolas. A liberdade de manifestação está garantida na Constituição. Essa é mais uma de tantas ilegalidades desse processo”.

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