Após intensos protestos, a Prefeitura de Curitiba alterou o projeto do novo Inter 2. A versão atual diminui o número de árvores que serão cortadas na Avenida Arthur Bernardes, mas ainda exige que 103 árvores sejam derrubadas. O projeto inicial previa o corte de 331 árvores.
O movimento SOS Arthur Bernardes criticou a “solução” proposta pela prefeitura. “Acreditamos não apenas lutar por árvores. Na realidade, estamos alertando à Prefeitura/IPPUC a quebra de paradigmas que a sociedade demanda sobre como produzimos a cidade. Futuros drásticos merecem atitudes definitivas e vocês têm a chance de reconhecer e aplicar isso de verdade”.
Leia a nota completa do movimento
“Somos favoráveis à faixa exclusiva para o Inter 2 e demais linhas no trecho da Arthur Bernardes, mas não da forma que está no projeto atual da Prefeitura/IPPUC.
Somos contrários à inclusão de novas faixas para o transporte individual no trecho da Arthur
Bernardes e à inclusão de um terminal no meio do Parque. O projeto que nos obrigará a pagar US$ 106 milhões durante 25 anos (até 2050) faz parte do “Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba”, o qual, em seu texto, diz: “foco na priorização do transporte coletivo em detrimento ao transporte individual”. Agora a Prefeitura/IPPUC apresenta um projeto que exclui a ciclovia atual, com menos área verde permeável e mais faixas para os carros, ou seja, contrário ao objetivo principal do projeto. Destacamos:
• Não há dados efetivos sobre a alteração das linhas alimentadoras que sofrerão desvios. Não sabemos, por exemplo: (1) quanto tempo a mais ou a menos os itinerários dessas linhas levarão até o Centro ou ao bairro, (2) o número de veículos da nova frota, (3) a eventual superlotação da nova linha, a qual agregará quase todas as linhas alimentadoras, (4) tampouco a demanda efetiva dos passageiros atuais para essa mudança importante de itinerário das linhas convencionais;
• Não há dados efetivos sobre a ampliação da quantidade de ônibus, para que de fato haja incentivo ao uso do transporte coletivo em horário de pico, apenas que serão “elétricos e sustentáveis”. Importante, mas precisamos mais;
• A ciclovia da Arthur Bernardes, talvez um dos trechos mais consolidados em toda a cidade, foi simplesmente e descaradamente retirada do projeto. Destacamos ser previsível e óbvio que ciclistas percorrem caminhos intuitivos e de maior qualidade ambiental. A ideia proposta estará pondo em risco as vidas de cidadãos;
• O discurso de “soluções baseadas na natureza” ainda é intragável à nova proposta – soluções devem substituir métodos convencionais e tradicionais. O que vemos, no entanto, é a manutenção de todo o projeto de macrodrenagem e de impermeabilização das pistas, enquanto as propostas de alterações se resumem a um novo paisagismo sob um discurso de “jardins de infiltração”;
Só no trecho da Avenida são aproximadamente R$100 milhões para um projeto com prazo de validade até 2040! Isto é, estaríamos fadados a pagar por mais dez anos por uma infraestrutura ultrapassada que incentivará o transporte individual e, consequentemente, o afogamento do trânsito no local. Seríamos obrigados a lidar com a falta de incentivo efetivo ao nosso transporte coletivo público e com efeitos cada vez mais hostis da emergência climática, que nós e a nova geração teremos de viver.
Em 1981, ano de inauguração do atual Eixo de Animação da Arthur Bernardes, a segunda pista no sentido Barigui foi criada para desafogar o trânsito. Esse trecho, assim como na Av. Gen. Mario Tourinho, já está congestionado há décadas, e querem seguir com o mesmo tipo de projeto. Curitiba
é uma cidade com história suficiente para fazer diferente disso e ser referência para os desafios do aquecimento global.
Acreditamos não apenas lutar por árvores. Na realidade, estamos alertando à Prefeitura/IPPUC a quebra de paradigmas que a sociedade demanda sobre como produzimos a cidade. Futuros drásticos merecem atitudes definitivas e vocês têm a chance de reconhecer e aplicar isso de verdade.
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• Que o número de faixas atuais seja preservado, inclusive com faixas de estacionamento;
• Que uma delas seja exclusiva para as linhas de ônibus;
• Que a nova estação seja ambientalmente adequada ao Parque Linear onde hoje está a estação tubo ou, preferencialmente, fora do Parque (via integração temporal). Será tudo muito mais barato para nós.
É perverso, após as inúmeras demonstrações sobre as falhas de publicização do projeto desde 2019, que agora tenhamos que ouvir que o edital, projetos e contratos estão postos e que teríamos que acatá-los. Isto é um golpe à cidadania e à democracia. Contratos podem e devem ser revistos e o seu órgão financiador (BID) está à mesa, se tornando ciente das reivindicações populares. Somos um movimento de milhares de cidadãos dessa cidade que querem e devem ser ouvidos. Somos muitas e muitos!”.