Prefeitura de Curitiba altera projeto do Inter 2, mas movimento SOS Arthur Bernardes contesta: “Perverso”

Foto: Guilherme Bittar/Revérbero

Após intensos protestos, a Prefeitura de Curitiba alterou o projeto do  novo Inter 2. A versão atual diminui o número de árvores que serão cortadas na Avenida Arthur Bernardes, mas ainda exige que 103 árvores sejam derrubadas. O projeto inicial previa o corte de 331 árvores. 

O movimento SOS Arthur Bernardes criticou a “solução” proposta pela prefeitura. “Acreditamos não apenas lutar por árvores. Na realidade, estamos alertando à Prefeitura/IPPUC a quebra de paradigmas que a sociedade demanda sobre como produzimos a cidade. Futuros drásticos merecem atitudes definitivas e vocês têm a chance de reconhecer e aplicar isso de verdade”.

Leia a nota completa do movimento

“Somos favoráveis à faixa exclusiva para o Inter 2 e demais linhas no trecho da Arthur Bernardes, mas não da forma que está no projeto atual da Prefeitura/IPPUC.

Somos contrários à inclusão de novas faixas para o transporte individual no trecho da Arthur

Bernardes e à inclusão de um terminal no meio do Parque. O projeto que nos obrigará a pagar US$ 106 milhões durante 25 anos (até 2050) faz parte do “Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba”, o qual, em seu texto, diz: “foco na priorização do transporte coletivo em detrimento ao transporte individual”. Agora a Prefeitura/IPPUC apresenta um projeto que exclui a ciclovia atual, com menos área verde permeável e mais faixas para os carros, ou seja, contrário ao objetivo principal do projeto. Destacamos:

• Não há dados efetivos sobre a alteração das linhas alimentadoras que sofrerão desvios. Não sabemos, por exemplo: (1) quanto tempo a mais ou a menos os itinerários dessas linhas levarão até o Centro ou ao bairro, (2) o número de veículos da nova frota, (3) a eventual superlotação da nova linha, a qual agregará quase todas as linhas alimentadoras, (4) tampouco a demanda efetiva dos passageiros atuais para essa mudança importante de itinerário das linhas convencionais;

• Não há dados efetivos sobre a ampliação da quantidade de ônibus, para que de fato haja incentivo ao uso do transporte coletivo em horário de pico, apenas que serão “elétricos e sustentáveis”. Importante, mas precisamos mais;

• A ciclovia da Arthur Bernardes, talvez um dos trechos mais consolidados em toda a cidade, foi simplesmente e descaradamente retirada do projeto. Destacamos ser previsível e óbvio que ciclistas percorrem caminhos intuitivos e de maior qualidade ambiental. A ideia proposta estará pondo em risco as vidas de cidadãos;

• O discurso de “soluções baseadas na natureza” ainda é intragável à nova proposta – soluções devem substituir métodos convencionais e tradicionais. O que vemos, no entanto, é a manutenção de todo o projeto de macrodrenagem e de impermeabilização das pistas, enquanto as propostas de alterações se resumem a um novo paisagismo sob um discurso de “jardins de infiltração”;

Só no trecho da Avenida são aproximadamente R$100 milhões para um projeto com prazo de validade até 2040! Isto é, estaríamos fadados a pagar por mais dez anos por uma infraestrutura ultrapassada que incentivará o transporte individual e, consequentemente, o afogamento do trânsito no local. Seríamos obrigados a lidar com a falta de incentivo efetivo ao nosso transporte coletivo público e com efeitos cada vez mais hostis da emergência climática, que nós e a nova geração teremos de viver.

Em 1981, ano de inauguração do atual Eixo de Animação da Arthur Bernardes, a segunda pista no sentido Barigui foi criada para desafogar o trânsito. Esse trecho, assim como na Av. Gen. Mario Tourinho, já está congestionado há décadas, e querem seguir com o mesmo tipo de projeto. Curitiba

é uma cidade com história suficiente para fazer diferente disso e ser referência para os desafios do aquecimento global.

Acreditamos não apenas lutar por árvores. Na realidade, estamos alertando à Prefeitura/IPPUC a quebra de paradigmas que a sociedade demanda sobre como produzimos a cidade. Futuros drásticos merecem atitudes definitivas e vocês têm a chance de reconhecer e aplicar isso de verdade.

2

• Que o número de faixas atuais seja preservado, inclusive com faixas de estacionamento;

• Que uma delas seja exclusiva para as linhas de ônibus;

• Que a nova estação seja ambientalmente adequada ao Parque Linear onde hoje está a estação tubo ou, preferencialmente, fora do Parque (via integração temporal). Será tudo muito mais barato para nós.

É perverso, após as inúmeras demonstrações sobre as falhas de publicização do projeto desde 2019, que agora tenhamos que ouvir que o edital, projetos e contratos estão postos e que teríamos que acatá-los. Isto é um golpe à cidadania e à democracia. Contratos podem e devem ser revistos e o seu órgão financiador (BID) está à mesa, se tornando ciente das reivindicações populares. Somos um movimento de milhares de cidadãos dessa cidade que querem e devem ser ouvidos. Somos muitas e muitos!”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *