Um levantamento realizado com 1.170 estudantes LGBTI+, com 16 anos ou mais que frequentaram alguma instituição de ensino no Brasil em 2024, revelou que 86% não consideram a escola um ambiente seguro, devido a alguma característica relacionada à sua aparência.
A “Pesquisa Nacional sobre o Bullying no Ambiente Educacional Brasileiro (2024)” foi conduzida pela equipe técnica da Plano CDE, a pedido da Aliança Nacional LGBTI+, com apoio do Instituto Unibanco. O estudo teve como objetivo investigar como estudantes do ensino regular e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) — com especial atenção às experiências de jovens LGBTI+ — percebem a segurança nas escolas e os tipos de bullying e agressões que enfrentaram ou presenciaram ao longo de 2024.
Bullying, discriminação e violência são problemas graves que exigem atenção urgente. A insegurança escolar impacta diretamente o desempenho acadêmico dos estudantes, tornando essencial o cumprimento das leis existentes sobre bullying, bem como das diretrizes estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Conselho Nacional de Educação. É fundamental que toda a comunidade escolar — direção, equipe pedagógica, professores, estudantes e familiares — atue de forma articulada e consistente para enfrentar esses desafios.
“Somente por meio de um esforço coletivo será possível construir um ambiente escolar mais seguro e acolhedor para todas as pessoas”, destaca Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+.
“O levantamento está alinhado aos esforços de prevenção ao bullying e às discriminações de caráter machista e homotransfóbico. Visa contribuir para a formulação de políticas públicas educacionais comprometidas com uma convivência escolar democrática e promotora dos direitos humanos”, afirma Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco.
A pesquisa revelou ainda que a escola é percebida como pouco ou nada segura por:
- 67% de estudantes trans;
- 59% de meninos que não se enquadram nos padrões tradicionais de masculinidade;
- 49% de estudantes gays, lésbicas, bissexuais ou assexuais;
- 40% de meninas que não se encaixam nos padrões convencionais de feminilidade;
- 40% de pessoas com corpos considerados “fora do padrão”.
Metodologia
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário online, aplicado entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. Ao todo, foram realizadas 1.349 entrevistas com estudantes, das quais 1.170 compõem o recorte específico da população LGBTI+. A participação foi voluntária e anônima, assegurando que nenhuma informação pessoal fosse coletada ou vinculada às respostas.
Para fins deste levantamento, foram consideradas diferentes identidades de gênero e orientações sexuais, com o objetivo de refletir com precisão a diversidade da população LGBTI+ no ambiente educacional brasileiro.