Nesta segunda-feira (14), o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) julgou e aprovou a ação de desfiliação do deputado estadual Requião Filho, autorizando de forma definitiva sua saída do Partido dos Trabalhadores (PT). A decisão, unânime, garante ao parlamentar o direito de deixar a sigla sem prejuízo ao seu mandato.
A deliberação ocorreu durante a 29ª sessão de julgamento do TRE, sob relatoria do desembargador eleitoral Guilherme Frederico Hernandes Denz. O Tribunal reconheceu a legitimidade do pedido com base na apresentação da Carta de Anuência de Desfiliação Partidária, emitida pelos diretórios municipal, estadual e nacional do PT. O documento foi considerado suficiente para configurar justa causa para a desfiliação, confirmando o entendimento já expresso em decisão liminar do processo.
O TRE-PR reforçou ainda o entendimento consolidado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo o qual a carta de anuência da legenda é elemento suficiente para permitir a desfiliação sem perda de mandato, conforme previsto após a Emenda Constitucional nº 111/2021.
Requião Filho justificou sua saída com críticas à condução política do PT nacional, que, segundo ele, vem prejudicando o Paraná. Para o deputado, seguir no partido sem um projeto real de desenvolvimento para o Estado seria trair seus eleitores e os princípios da boa política.
“Denunciei que o PT descumpre seu próprio discurso e trai o Paraná. Isso não se enquadra na cartilha de bons modos do partido. O único objetivo do PT no Paraná é eleger deputados federais. É um partido que não tem projeto para o Estado, apenas para manter algumas pessoas no poder em Brasília”, afirmou.
Na Carta de Anuência, o PT aponta como “conflitos inconciliáveis” a candidatura do ex-governador Roberto Requião — pai do deputado — à prefeitura de Curitiba por uma legenda adversária, nas eleições de 2024. Vale lembrar que o PT não apresentou candidato próprio ao Executivo municipal, apoiando a chapa liderada pelo deputado federal Luciano Ducci (PSB), que votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.
Além de autorizar a desfiliação, o TRE-PR também liberou Requião Filho para se filiar a outra legenda, desde que o novo partido atenda aos critérios legais, como o cumprimento da cláusula de desempenho eleitoral — requisito para acesso a tempo de TV e fundo partidário.
Requião no PDT?
Em fevereiro, o presidente nacional do PDT e atual ministro da Previdência, Carlos Lupi, esteve em Curitiba e convidou Requião Filho a liderar a reconstrução do partido no Paraná. O deputado ainda avalia a proposta, destacando que há ajustes a serem feitos antes de uma decisão final.
“Meu objetivo é colocar o nome Requião à disposição do povo paranaense. A marca representa governos equilibrados, que promovem desenvolvimento sem abandonar as pessoas. Um nome que foge do extremismo e une apoio ao setor produtivo com valorização do trabalhador”, afirmou.
Eleições 2026
Em dezembro de 2024, Requião Filho anunciou sua pré-candidatura ao governo do Paraná. Segundo pesquisa recente do Instituto IRG, o deputado aparece em segundo lugar na corrida eleitoral, com 14,5% das intenções de voto, configurando-se como uma alternativa viável de oposição ao atual governador Ratinho Jr.
“Sou o deputado que denuncia irregularidades na Assembleia Legislativa do Paraná, que questiona decisões ruins para o Estado e a propaganda enganosa. Também critico o governo Lula, que traiu o Paraná ao recuar em compromissos importantes para o desenvolvimento estadual”, concluiu.