Terceirizada da Copel deixa rastro de dívidas trabalhistas e ex-funcionários à espera de seus direitos

Mais de 400 trabalhadores demitidos após fim de contrato com a empresa Alô Serviços denunciam atraso no pagamento de rescisões e FGTS; histórico de irregularidades se arrasta desde 2022

Ex-funcionários da empresa Alô Serviços, responsável até recentemente pelo atendimento telefônico aos clientes da Copel, denunciam atrasos no pagamento de verbas rescisórias, benefícios e FGTS. A empresa, que teve seu contrato encerrado com a estatal de energia do Paraná, demitiu mais de 400 trabalhadores em Londrina. Desde então, muitos aguardam há quase um mês pelos pagamentos devidos após o desligamento.

Segundo relatos colhidos pela TV Tarobá, os trabalhadores afirmam que a empresa alega falta de caixa e atraso no repasse de recursos por parte da Copel para justificar a inadimplência. Além das verbas rescisórias, os ex-funcionários denunciam o não pagamento de um bônus mensal de R$ 300 e a ausência de depósitos regulares no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), mesmo com desconto em holerite.

A previsão da empresa para regularizar a situação é 6 de junho — mas há um agravante: a sede da empresa em Londrina, na Av. Luís Amoresi, deverá encerrar as atividades já no final de maio, gerando ainda mais insegurança jurídica entre os trabalhadores.

A Copel, por meio de nota, afirmou que “cumpre rigorosamente as cláusulas contratuais”, sem comentar diretamente as denúncias trabalhistas contra a terceirizada.

Histórico de problemas

Essa não é a primeira vez que a Alô Serviços enfrenta denúncias de irregularidades. Em 2022, uma reportagem do Revérbero já havia revelado que a empresa, que recebeu cerca de R$ 32 milhões em contrato com a Copel, respondia a mais de 50 ações trabalhistas. Entre as queixas, estavam o atraso no pagamento de salários, vales-refeição e bônus, além do não recolhimento do FGTS.

Na época, o deputado estadual Arilson Chiorato (PT) questionou a Copel sobre as irregularidades. A estatal admitiu ter conhecimento de apenas 10 ações, mas não havia aberto processo administrativo contra a prestadora.

O modelo de terceirização adotado pela Copel tem sido alvo de críticas recorrentes. Dados do DIEESE mostram que, entre 2010 e 2021, o número de funcionários terceirizados na empresa cresceu 61%, enquanto o número de funcionários diretos caiu 27%. Especialistas apontam que essa política reduz direitos e enfraquece o vínculo entre trabalhador e serviço público essencial.

Na ocasião, o presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (SENGE-PR), Leandro Grassmann, disse que os trabalhadores, sejam terceirizados ou não, estão sendo precarizados em um modelo que prioriza os lucros dos acionistas. “A sociedade precisa entender que o grande custo da conta de luz não é com o trabalhador, mas com os dividendos pagos”, afirmou.

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