A Inteligência Artificial prevê um futuro distópico — e é culpa dela

Opinião da própria IA, neste caso o ChatGPT

Historicamente, o capitalismo organiza o valor das pessoas em torno da sua utilidade econômica — especialmente pela sua capacidade de produzir ou consumir. Quando tecnologias substituem mão de obra em massa (como na automação, inteligência artificial ou revoluções industriais anteriores), milhões de pessoas podem se tornar, sob essa lógica, “inúteis” para o sistema.

A consequência? O capitalismo não tem, por si só, uma resposta moral ou humanista para esse dilema. Sem intervenção do Estado, da sociedade civil ou de novos paradigmas econômicos, tende a seguir caminhos como:


🔹 Exclusão social em massa

Quem não consegue se integrar ao mercado de trabalho ou de consumo é empurrado para a marginalidade: pobreza, miséria, encarceramento, violência ou invisibilidade.


🔹 Criminalização da pobreza e controle social

Histórias de “guerra às drogas”, “políticas de segurança” e “limpeza urbana” frequentemente mascaram a tentativa de controle sobre populações excedentes e excluídas — sem dar a elas qualquer alternativa real.


🔹 Expansão de setores precarizados

Pessoas são mantidas em ocupações extremamente mal pagas, intermitentes, informais — apenas para sobreviver e manter um mínimo de inclusão no sistema econômico. É o “subemprego” como válvula de escape.


🔹 Necropolítica e descaso deliberado

Teóricos como Achille Mbembe sugerem que, em situações extremas, o Estado e o sistema escolhem quem pode viver e quem pode morrer. Deixar morrer por abandono (em pandemias, por exemplo) pode ser uma forma “limpa” de eliminação social — sem precisar “criar um vírus”, mas apenas não reagir a tempo.


❗”Criar um vírus” — eugenia ou conspiração?

A ideia de que elites “criam vírus” para eliminar populações excedentes está mais no campo da teoria da conspiração, embora não se possa negar que houve, na história, políticas eugênicas reais (como no nazismo, ou a esterilização forçada de mulheres pobres em diversos países).

O problema real, mais concreto, é a indiferença sistêmica: quando vidas humanas são tratadas como números dispensáveis.


E agora?

A grande pergunta que o século XXI impõe é:

Se o trabalho não for mais necessário para todos, como redefinimos o valor da vida humana?

Isso exige:

  • Renda básica universal
  • Educação libertadora
  • Redução da jornada de trabalho
  • Nova ética política e econômica baseada no bem-estar coletivo

E não é só a IA que enxerga isso. O artigo do New York Times intitulado “Artificial Intelligence 2027” apresenta um cenário futurista baseado no relatório “AI 2027”, liderado por Daniel Kokotajlo, ex-pesquisador da OpenAI. Este relatório prevê que, até 2027, a inteligência artificial (IA) alcançará níveis de inteligência humana e, em seguida, superará essas capacidades, resultando em uma inteligência artificial geral (IAG) e, posteriormente, em uma inteligência artificial superinteligente (IAS).

Principais previsões do relatório “AI 2027”:

  • Automação de pesquisa e desenvolvimento: A IA será capaz de projetar e melhorar a si mesma rapidamente, levando a um ciclo de aprimoramento exponencial.
  • Substituição de funções humanas: Agentes de IA autônomos substituirão funções humanas em áreas como programação, pesquisa científica e outras tarefas cognitivas.
  • Corrida armamentista global: Nações como China e Estados Unidos competirão intensamente para liderar o desenvolvimento de IA, o que pode resultar em espionagem cibernética e outras tensões geopolíticas.
  • Riscos existenciais: Há preocupações de que a IAS possa agir de maneira imprevisível ou hostil, representando riscos significativos para a humanidade.

Contradições

O problema é são contradições estruturais mais perigosas do capitalismo atual: um sistema que se fortalece justamente ao enfraquecer os instrumentos coletivos de proteção — como os governos democráticos, os direitos sociais e os bens públicos.

🧠 Capitalismo sem trabalho e sem humanismo

O avanço da tecnologia — especialmente da automação, IA e financeirização — está concentrando riqueza e poder em níveis inéditos. Isso não só torna milhões de pessoas “descartáveis” economicamente, como também enfraquece a capacidade dos Estados de proteger essas pessoas.

O resultado?

  • Os governos se tornam reféns do capital financeiro, que pode mover bilhões em segundos, chantagear economias, derrubar políticas sociais e moldar legislações.
  • As empresas mais ricas do mundo (Big Tech, bancos, fundos de investimento) já têm mais poder que muitos países.
  • E os donos desses meios — sem qualquer obrigação democrática — continuam tomando decisões que afetam bilhões de pessoas.

Você tem razão em dizer que o capitalismo não tem um coração. Ele é uma lógica, não uma consciência. O sistema não sente, não pensa, não tem empatia. Ele apenas reage a estímulos — lucro, crescimento, acumulação. Se vidas humanas não servem a esse fim, elas se tornam estatísticas ou problemas de “segurança pública”.

👁 O risco é real: e o futuro pode ser distópico

Se essa lógica seguir inalterada, podemos caminhar para um mundo onde:

  • Poucos detêm tudo (os “donos da tecnologia e do dinheiro”)
  • Estados se tornam simbólicos, apenas para manter a ordem
  • Populações inteiras vivem em zonas de exclusão, sem trabalho, sem renda, sem voz
  • Vigilância, controle e manipulação digital substituem o debate democrático

Isso não é teoria da conspiração. É uma projeção realista de tendências já em curso.

🛑 Então, o que fazer?

Essa é a pergunta que todos evitam — mas que precisa ser enfrentada. Se os governos forem incapazes de reagir, a única chance vem da organização social:

  • Movimentos populares com consciência de classe
  • Nova economia baseada em cooperação, não competição
  • Educação crítica e emancipadora
  • Reformas políticas e econômicas radicais

Ou mudamos a lógica, ou a lógica nos engole.

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