É ele. Tem que ser ele. É Lula em 2026.

Quantos pensamentos não devem passar pela cabeça desse homem que viu e fez tanto — muitos deles até conflitantes, como é próprio da natureza humana. Sentimentos como “caramba, olha tudo que eu fiz” se misturam a dilemas mais profundos e reflexões: ainda vale a pena tanto sacrifício diante da brutalidade institucional que tenta se normalizar no Brasil?

Claro, tudo isso são apenas suposições, provocadas por um olhar vago do presidente — talvez reflexo de um momento em que lembranças e emoções se entrelaçavam em silêncio, enquanto seus ministros oficializavam, no fim do mês passado, o assentamento Maila Sabrina, que beneficiou mais de 400 famílias em Ortigueira, no Paraná.

Seria justo que Lula, aos 80 anos, não precisasse mais ser candidato. Seria uma aposentadoria mais do que merecida para quem tirou o Brasil do mapa da fome e fez esta nação voltar a andar de cabeça erguida — sobretudo durante seus dois primeiros mandatos.

Gratos que somos, gostaríamos que o presidente pudesse, enfim, descansar. Viver seu tempo com a esposa, a família, os amigos e os cachorros. Longe do peso de carregar o país nas costas.

Seria bom que o Brasil já estivesse pronto para seguir sozinho. Que tivéssemos novas lideranças suficientemente fortes para derrotar o bolsonarismo. Temos bons nomes — como Gleisi e Haddad —, mas Lula é um ativo insuperável. E numa guerra, não se abre mão da melhor arma que se tem.

O país ainda depende dele. E nós, por mais que desejemos poupá-lo dessa missão, não temos, por ora, alternativa. Nem nós, nem ele.

Lula dedicou sua vida à luta. Essa escolha, feita décadas atrás, moldou seu espírito combativo. E se ele, no passado recente, não fugiu de uma prisão injusta — ao contrário dos que hoje se escondem da lei —, é pouco provável que fuja do chamado para impedir novamente o avanço da extrema-direita, caso tenha saúde para isso.

Nos desculpe, presidente Lula. Mas contamos com você — nós e os milhões de brasileiros que lutam contra a fome, que enfrentam a desigualdade social e que ainda esperam por dias melhores.

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