Vitória do Al-Hilal expõe o que cinco técnicos da Seleção ignoraram: Marcos Leonardo é o camisa 9 que o Brasil procura

Qual foi o último grande camisa 9 da Seleção Brasileira? A pergunta, simples à primeira vista, revela um vácuo que dura mais de uma década. É preciso voltar aos anos 1990 e 2000 para lembrar de nomes como Romário, Ronaldo Fenômeno e Adriano, atacantes com faro de gol, presença de área e brilho próprio. De lá para cá, tentativas não faltaram — Luis Fabiano, Fred, Gabriel Jesus, Richarlison — mas nenhuma se firmou como ícone incontestável da posição.

Enquanto o “Pombo” alçava voos irregulares, aqui no Brasil, um jovem surgia fazendo gols em série, revelado pelo maior celeiro de talentos ofensivos do país: o Santos. Seu nome? Marcos Leonardo. E se ainda restava dúvida sobre sua capacidade de brilhar nos grandes palcos, ela foi desfeita nesta segunda-feira (30), nos Estados Unidos.

Na vitória por 4 x 3 do Al Hilal sobre o Manchester City, o camisa 11 — número que também vestia Romário — teve uma atuação de manual: dois gols, presença de área, explosão física e instinto. Marcos Leonardo fez chover. Não parou o jogo, como fazem por lá em caso de intempéries, mas parou a hegemonia e o sistema defensivo de um dos times mais ricos do mundo.

A atuação do atacante escancarou algo que cinco técnicos da Seleção Brasileira pareceram não querer ver: Tite, Ramon Menezes, Fernando Diniz, Dorival Júnior e agora Carlo Ancelotti. .

É provável que Ancelotti, recém-chegado, tenha se apoiado no mapeamento da CBF para montar sua lista inicial. Mas conhecedor profundo de futebol que é, espera-se que o italiano veja o óbvio: o Brasil tem centroavante, e ele já está pronto.

A não convocação expõe também uma incoerência estrutural: Marcos Leonardo passou por praticamente todas as categorias de base da Seleção, sempre com destaque, enquanto, nos clubes, consolidava-se como titular e artilheiro. Se mesmo assim não há espaço para ele entre os profissionais, fica a pergunta: de que serve o trabalho nas categorias de base? É só vitrine ou há, de fato, um projeto de transição e aproveitamento?

Mais do que uma convocação urgente, o momento exige coerência com o presente. Marcos Leonardo já provou seu valor, e outros nomes também merecem consideração — como Yuri Alberto e Kaio Jorge, todos da mesma escola santista. Coincidência? Talvez.  Ao menos uma chance, os meninos da vila merecem. E faz tempo .

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