O destino do Bosque da Copel, uma das áreas verdes mais simbólicas de Curitiba, voltou a gerar apreensão. Moradores do bairro Bigorrilho denunciam movimentações e corte de árvores dentro do terreno de 47 mil metros quadrados — o que reacendeu temores de que o local possa dar lugar a um condomínio de luxo.
A área, de propriedade da Copel, deveria ter sido transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM), conforme protocolo de intenções assinado em 2018 entre a empresa, a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Estado. O acordo reconhecia o valor ambiental e histórico do bosque e previa sua preservação permanente.
Agora, porém, há dúvidas sobre o que aconteceu com esse compromisso — e se ele chegou a ser formalizado de fato.
Diante das denúncias, o deputado estadual Requião Filho (PDT) apresentou pedidos de informação ao Governo do Estado, à Prefeitura de Curitiba e à Copel, solicitando cópia integral do protocolo e das eventuais licenças ambientais ou alvarás expedidos para a área.
“O Bosque da Copel é um símbolo de preservação dentro da cidade. Queremos entender o que aconteceu com o protocolo de proteção assinado em 2018 e se todas as medidas legais estão sendo respeitadas”, afirmou o parlamentar.
Na Câmara Municipal, o mandato da vereadora Laís Leão (PT) também foi acionado por moradores preocupados com o destino do bosque. A vereadora protocolou requerimentos oficiais e ofícios à Copel, à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, à Secretaria de Urbanismo e à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável. O caso também foi levado ao Ministério Público do Paraná, por meio da Procuradoria do Meio Ambiente.
“O mandato não deixa nenhuma denúncia sem encaminhamento. Seguiremos cobrando até termos esclarecidas todas as dúvidas levantadas pela população”, reforçou a vereadora.
Enquanto os órgãos públicos não apresentam respostas claras — e parte das informações chega apenas por meio da imprensa, sem retorno formal aos mandatos — cresce o clima de incerteza e desconfiança.
O silêncio em torno do caso levanta uma pergunta que inquieta moradores e ambientalistas: o Bosque da Copel ainda está protegido — ou à beira de desaparecer sob o concreto?