Os deputados estaduais Ana Júlia Ribeiro e Arilson Chiorato, ambos do PT, cobraram providências da Secretaria de Estado da Educação (Seed) após o grave caso de uma professora do Colégio Estadual Dirce de Aguiar Maia, em Maringá, que teria tentado tirar a própria vida dentro da escola após sofrer assédio moral praticado por uma chefia imediata. O episódio, ocorrido no dia 22 de outubro, reacendeu o debate sobre o adoecimento mental e as condições de trabalho dos profissionais da educação no Paraná.
A deputada Ana Júlia Ribeiro, que coordena a Frente Parlamentar de Promoção à Saúde Mental, protocolou um requerimento solicitando que o secretário Roni Miranda apresente informações detalhadas sobre as providências imediatas adotadas pela Seed, tanto em relação ao amparo à professora quanto à apuração das circunstâncias do caso. O documento também questiona se foi instaurado processo administrativo ou sindicância para investigar as denúncias e quais medidas de acompanhamento psicossocial estão sendo oferecidas aos professores e estudantes da escola.
Ana Júlia também cobrou transparência sobre os protocolos de saúde mental e combate ao assédio em vigor na rede estadual, e se há previsão de revisão ou fortalecimento dessas políticas diante do ocorrido. “Precisamos garantir acolhimento, responsabilização e condições de trabalho dignas para todas e todos os educadores. A saúde mental dos profissionais da educação deve ser tratada como prioridade, e o Estado tem o dever de proteger seus servidores”, afirmou a parlamentar, destacando que a Seed tem agido com lentidão e falta de diálogo diante de um cenário cada vez mais alarmante de adoecimento entre docentes e funcionários.
O deputado Arilson Chiorato também protocolou um pedido de informação à Seed, solicitando detalhes sobre as medidas de prevenção e as ações adotadas após o episódio. Segundo ele, as denúncias de assédio moral e violência psicológica no colégio são graves e exigem apuração rigorosa. “Os professores merecem respeito e condições dignas de trabalho. A Seed tem a obrigação de esclarecer o que aconteceu no colégio e quais medidas foram tomadas”, afirmou. Arilson destacou ainda que a situação é resultado direto da precarização da gestão escolar promovida pelo programa Parceiro da Escola, que entrega a administração das unidades públicas ao setor privado, mas não isenta o Estado de suas responsabilidades.
O caso ocorreu no dia 21 de outubro, quando a professora precisou de atendimento do Samu e foi hospitalizada após um episódio de colapso emocional dentro da escola. A situação ganhou repercussão nas redes sociais e levou colegas a denunciarem práticas reiteradas de assédio moral por parte da direção. Um boletim de ocorrência foi registrado e o Ministério Público abriu investigação para apurar as denúncias. A APP-Sindicato acompanha o caso e informou que apresentou queixa ao Núcleo Regional de Educação e à Seed, além de prestar acolhimento à professora e aos demais profissionais da escola.
Para Ana Júlia, o episódio revela a ausência de políticas efetivas de proteção à saúde mental no ambiente escolar e a negligência do governo diante de uma crise que se agrava. “Não se trata de um caso isolado, mas de um sintoma de um sistema que adoece quem educa. É preciso rever práticas, combater o assédio e cuidar de quem cuida. O Estado não pode continuar se omitindo diante desse sofrimento coletivo”, concluiu.