“Usamos os meios necessários ara conter uma agressão injusta’, diz Renato Freitas

O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) afirmou, em coletiva de imprensa, que as imagens divulgadas pela defesa do homem que o agrediu em 19 de novembro reforçam a versão apresentada por ele desde o início do caso.

Segundo o parlamentar, o episódio ocorreu após ele sair de um exame de ecografia acompanhado da mãe de seu filho, grávida de nove semanas. Ao atravessarem a rua Visconde do Rio Branco, os dois teriam sido surpreendidos por um automóvel prata, conduzido por Weslley de Souza, que avançou de forma brusca e irregular em direção ao deputado — manobra que, segundo Freitas, é confirmada nas filmagens publicadas pela própria defesa do agressor.

Ainda de acordo com o parlamentar, o motorista abriu o vidro e passou a proferir ofensas, incluindo insultos racistas. Freitas relatou ter ouvido expressões como “noia” e “lixo”, afirmando que a associação feita por um homem branco ao ver um casal negro é, por si só, um ato racista.

Após a sequência de xingamentos, Weslley teria estacionado o carro e corrido em direção ao deputado, o que, segundo Freitas, configurou risco imediato de agressão. Para proteger a grávida que o acompanhava, ele e seu assessor, identificado como Carlos, atravessaram novamente a rua na tentativa de impedir a aproximação do agressor.

O confronto físico se iniciou entre Weslley e o assessor na calçada. Conforme a equipe do deputado, Carlos conseguiu neutralizar o agressor rapidamente, sem necessidade de intervenção direta de Renato. A assessoria ressalta que as imagens divulgadas mostram que o deputado não teve qualquer contato físico com Weslley.

Vídeos registrados no início da confusão mostram o parlamentar afastado do agressor enquanto pedia que seu assessor o acompanhasse. O deputado argumenta que a ameaça era concreta e não fruto de interpretação exagerada, apontando que Weslley possui histórico policial — incluindo prisão em flagrante por porte de simulacro de arma — e publicações nas redes sociais em que exibe agressões anteriores.

A troca de agressões entre Weslley e o assessor ganhou ampla repercussão nas redes sociais, especialmente o trecho em que o deputado pede que o rapaz “o deixe em paz” antes de levar um soco. Durante o conflito, o agressor chamou o parlamentar de “vereadorzinho do PSOL”, o que Freitas interpreta como indício do caráter político do ataque.

O episódio desencadeou uma série de representações contra Freitas no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Paraná. A equipe do deputado afirma que as iniciativas partem de pessoas que já mantinham histórico de ataques públicos ao parlamentar.

Entre elas está o advogado de Weslley, Jefrey Chiquini, que figura em confrontos políticos anteriores com Freitas e já usou as redes sociais para incentivar que o deputado fosse “seguido nas ruas”. Chiquini tem quase dois milhões de seguidores, e o gabinete de Renato vê nessas manifestações uma tentativa de intimidação direcionada ao parlamentar negro.

Outro autor de representação é o vereador curitibano Guilherme Kilter, única figura política seguida pelo agressor nas redes. A equipe de Freitas aponta que esse vínculo pode indicar que a agressão não foi totalmente espontânea. O vereador utiliza com frequência a imagem do deputado em vídeos impulsionados — conteúdos pagos para alcançar mais usuários — e também promove campanhas que coletam dados pessoais de seguidores sob o pretexto de um abaixo-assinado.

O vídeo mais recente com circulação paga feito pelo vereador trata justamente do episódio da briga, explorando o caso como ferramenta de mobilização.

Versão do advogado Jefrey Chiquini

Jefrey Chiquini — advogado do agressor — sustenta que o deputado teria provocado a situação e que seu cliente apenas reagiu. Segundo o defensor, as imagens divulgadas demonstrariam que Renato e o assessor teriam cruzado a rua para “confrontar” Weslley, e não para se afastar dele. Chiquini também nega motivação racial ou política e afirma que apresentará ao Conselho de Ética sua própria versão dos fatos.

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