A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) promoveu, na segunda-feira (15), uma audiência pública para discutir o tema “Bosque da Copel: Direito à Cidade Sustentável e Transparência”. O debate reuniu entidades ambientais, representantes da sociedade civil e moradores de Curitiba, com foco nos impactos da venda da área após a privatização da Copel e nos riscos ambientais e urbanos associados ao projeto de construção de edifícios no local.
A iniciativa foi do deputado estadual Arilson Chiorato (PT), presidente da Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais e líder da Oposição na Alep. Durante a audiência, o parlamentar destacou a importância ambiental do Bosque da Copel, que reúne cerca de 47 mil metros quadrados de mata nativa, além de outros 21 mil metros pertencentes ao município, integrando um programa de proteção de grandes mamíferos da Serra do Mar.
Segundo Arilson, a área abriga espécies ameaçadas de extinção, como a anta e o gato-maracajá, além de desempenhar papel fundamental no equilíbrio climático e na qualidade de vida urbana. Para o deputado, a proposta de construção de aproximadamente 20 prédios, em uma área equivalente a sete campos de futebol, representa um impacto ambiental irreversível. Ele também criticou a condução do processo de venda do bosque, realizado em setembro do ano passado, apontando falta de transparência e sigilo em relação à negociação e à identidade dos compradores.
“O documento pode ser privado, mas o bosque é público pela sua função social e ambiental. Ele pertence à cidade”, afirmou Arilson, ao questionar a contradição entre a imagem de Curitiba como capital ecológica e a possibilidade de supressão de uma área verde dessa relevância.
A vereadora Vanda de Assis (PT) participou da audiência e relacionou o caso do bosque aos efeitos mais amplos da privatização da Copel. Para ela, a população precisa compreender que os impactos vão além da prestação de serviços, atingindo também o patrimônio coletivo. “É inaceitável que um bosque, que é da cidade, seja tratado como mercadoria. Estamos aqui para denunciar esse processo e afirmar que não aceitaremos a destruição do Bosque da Copel”, declarou.
Também por vídeo, a vereadora Lais Leão (PT) informou que a Copel respondeu por ofício confirmando a venda da área em setembro de 2024, sem divulgar os compradores. Ela destacou ainda que não há projetos em tramitação na prefeitura de Curitiba nem na Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná (Sedest). Segundo a vereadora, foi protocolado um pedido de tombamento do Bosque da Copel, o que garante a proteção da área até a deliberação do Conselho de Patrimônio. “Enquanto o processo tramita, nenhuma árvore pode ser cortada e nenhuma via pode ser aberta”, explicou.
A audiência contou ainda com a participação de Verônica Rodrigues, da SOS Arthur Bernardes, que alertou para a gravidade da crise climática e criticou a política de compensação ambiental. Para ela, o corte de árvores em Curitiba não pode ser tolerado diante da intensificação dos eventos extremos. Já Matteus Henrique, advogado e suplente de vereador, ressaltou que os efeitos das mudanças climáticas já são sentidos na cidade e defendeu a união da sociedade para barrar iniciativas desse tipo.
Representando o Grupo Bosque da Copel, Amanda Meireles manifestou indignação com a venda da área. “Estamos caminhando para um ecocídio. O meio ambiente não é mercadoria, não está à venda e não pode ser usado como barganha política”, afirmou.
Também contribuíram para o debate Julia Lima, do movimento Escolas pelo Clima, a advogada Andreia Cogus e Wellington Dalbem, do grupo Agricultura Regenerativa, entre outros participantes.

