Líder da Oposição aponta que novos áudios reforçam suspeitas de caixa dois na Sanepar

Líder da Oposição na Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Arilson Chiorato (PT) - Foto: Valdir Amaral/Alep

O caso envolvendo a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) teve novos desdobramentos na noite desta terça-feira (29). O deputado estadual Arilson Chiorato (PT), líder da Oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), afirmou ter tomado conhecimento de novos áudios que reforçam suspeitas de repasses ilegais de recursos para o pagamento de dívidas da campanha eleitoral de 2022 do governador Ratinho Júnior (PSD).

Segundo o parlamentar, as gravações detalham valores, prazos e formas de entrega dos recursos, o que amplia a gravidade das denúncias já divulgadas anteriormente. “Não adianta o governador dizer que é pauta velha. O Ministério Público, a Justiça Eleitoral e a própria Sanepar devem explicações aos paranaenses. Se já foi investigado, como disse o governador, o que se concluiu?”, questionou Arilson.

As novas revelações se somam aos áudios divulgados na semana passada pelo Diário de Maringá e repercutidos por veículos da imprensa regional e nacional. Nesta semana, o Jornal Plural publicou uma investigação jornalística que contextualiza parte do conteúdo das gravações. De acordo com a reportagem, o valor de R$ 4 milhões citado nos áudios se aproxima do déficit apontado na prestação de contas oficial da campanha.

Dados do sistema DivulgaCandContas, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indicam que a campanha declarou cerca de R$ 11 milhões em receitas e aproximadamente R$ 14 milhões em despesas, resultando em um passivo de cerca de R$ 3,4 milhões ao final do processo eleitoral.

Arilson informou que os novos áudios serão encaminhados às autoridades competentes, incluindo a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE). “O povo do Paraná merece uma resposta à altura da gravidade dessa situação, no mínimo, lastimável”, afirmou. A Corregedoria Regional Eleitoral é o órgão do Ministério Público Eleitoral responsável pelas causas de competência do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).

Assim como na primeira leva de gravações, os novos áudios são atribuídos a pessoas que já ocuparam cargos de alto escalão na Sanepar e no Executivo estadual. O conteúdo sugere pedidos de arrecadação de recursos dentro da estatal, supostamente destinados a cobrir débitos da campanha de reeleição do governador.

As gravações também levantam a hipótese de uso da estrutura da empresa pública como instrumento irregular de arrecadação, incluindo supostos pedidos para que servidores comissionados destinassem parte do Plano de Participação nos Resultados (PPR) à campanha eleitoral.

Na avaliação do deputado, os áudios revelam “novos capítulos de uma história lamentável”. “O cenário é muito diferente do ‘case de sucesso’ que o governo tenta propagar. A falta d’água é recorrente e, ao que tudo indica, não por falta de recursos para investimento, mas pelo uso do dinheiro para outros fins”, afirmou.

Encaminhamentos

Na semana passada, após a divulgação dos primeiros áudios, Arilson Chiorato e o deputado estadual Requião Filho (PDT) protocolaram representações formais junto à Polícia Federal (PF), ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), à Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os pedidos solicitam a abertura de procedimentos para apuração de possíveis crimes eleitorais e administrativos.

Paralelamente, os parlamentares também apresentaram um requerimento de informações à Casa Civil, com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), solicitando dados sobre contratos, nomeações, exonerações e providências adotadas pelo governo estadual diante das denúncias envolvendo a Sanepar.

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