Curitiba: segundo turno divide a esquerda entre neutralidade e voto nulo

O campo progressista enfrenta, em Curitiba, o segundo turno que tanto temeu, com dois candidatos da direita – um deles, Cristina Graeml (PMB), da extrema-direita; o outro, Eduardo Pimentel (PSD), mais moderado. A disputa tem gerado posicionamentos divergentes entre partidos políticos. O PT decidiu liberar os filiados. PDT, PV e PSB defendem a neutralidade. O PCdoB se manifestou contrário à candidata do PMB. E o PSOL e PSTU propõem o voto nulo.

Em nota, o PT argumenta que os dois candidatos que disputam o segundo turno não o representa. “Por isso, desde já, nos declaremos oposição a qualquer um dos eleitos no próximo dia 27 de outubro. “Reafirmamos nosso compromisso com a defesa da democracia, a legitimidade do processo eleitoral e da liberdade de escolha dos eleitores”.

O PDT segue na mesma linha. “Os dois candidatos que avançaram não representam os valores e propostas defendidos pelo PDT, que sempre esteve comprometido com a promoção dos direitos trabalhistas, justiça social e uma cidade para todos. Diante dessa situação, o partido decidiu liberar sua bancada, respeitando a autonomia e a consciência de cada parlamentar, filiado e apoiador”.

O PSB e Luciano Ducci sustentam nenhuma das candidaturas que concorre ao segundo turno assumiu compromisso com as propostas apresentadas pelo partido no primeiro turno das eleições. No entanto, se posiciona contra o negacionismo – representado nesta eleição por Graeml. “A cidade precisa de avanços e mudanças. Então, em nome do respeito aos eleitores curitibanos que queriam uma administração mais voltada aos problemas sociais, como a defesa da população mais pobre, com ações efetivas de moradia e regularização fundiária, o novo mãe curitibana, o hospital pronto-socorro, a tarifa domingueira zero, a defesa da ciência, o posicionamento contra o negacionismo climático e a defesa dos direitos dos servidores públicos municipais, a recomendação do partido é pela neutralidade”, defende Ducci.

O PV pede que os filiados reflitam sobre o cenário e façam a escolha que entenderam mais adequada. “Reafirmamos nosso compromisso com a democracia, sustentabilidade, confiança nas instituições e nosso repúdio a qualquer tipo de negacionismo científico, especialmente ao climático”.

Já o PCdoB tem uma posição mais elaborada e contextualizada, dizendo que o momento é de grande gravidade.

“Temos na disputa uma candidata de extrema-direita, Cristina Graeml. Ela expressa, representa e conta com o apoio do que há de pior no cenário político nacional. Tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cometeu as maiores atrocidades contra a nossa gente, impedindo e divulgando notícias falsas sobre a vacina contra a COVID-19, opiniões que contam com total respaldo desta senhora. Ela ainda conta com apoio do ex-ministro bolsonarista Ricardo Salles, aquele que queria passar a boiada nas questões ambientais e foi responsável pelo maior índice de desmatamento da história recente do nosso país. Cristina também tem o apoio de Pablo Marçal, aquele que fraudou um laudo médico e que o povo de São Paulo botou para correr”, diz nota do partido.

De acordo com o PCdoB, a candidata é uma extremista que trata o povo de Curitiba com descaso e propagandeia a antipolítica atacando todos os setores que defendem a importância do papel do poder público. “É uma falsa defensora da vida e seu compromisso é com o setor financeiro e rentista, com a política neoliberal que impede o desenvolvimento da nossa cidade. O PCdoB considera que diante desse cenário, nossa tarefa é impedir o extrema-direita em Curitiba e no país. Essa é a principal e mais importante batalha do momento. Por isso, o PCdoB vai cerrar fileiras para barrar o avanço da extrema-direita em Curitiba e conclamamos: Nenhum voto para o retrocesso!

O partido ainda mostra aberto ao diálogo. “Se a candidatura alternativa quiser ampliar sua votação, precisa assumir publicamente esses compromissos mínimos com os/as curitibanos/as. O PCdoB seguirá firme na luta para defender a democracia, os direitos do nosso povo e a superação da pobreza e das desigualdades. Essa luta só será possível se impedirmos a vitória da extrema-direita e do bolsonarismo em Curitiba”.

Diferente das demais legendas, o PSOL recomenda o voto. “Derrotar a extrema direita é uma tarefa que não será concretizada nas urnas. Compreendemos aqueles e aquelas que optarem por votar em Pimentel como um veto à Cristina, mas não compartilhamos desta posição”.

O PSTU também defende o voto nulo. “Isso porque ambos os candidatos representam o que há de pior para os trabalhadores da cidade. Mesmo que Cristina seja a expressão mais nojenta do bolsonarismo e reproduza seu discurso conservador, Eduardo não é diferente no programa”.

Iprodes

O Instituto Pro Democracia Para Sempre- Iprodes, lança nesta segunda-feira, 14/10, uma campanha contra a abstenção e os votos nulos e brancos no segundo turno da campanha eleitoral em Curitiba.

“A abstenção registrada neste primeiro turno só perde para a eleição de 2020, quando 30% dos eleitores não foram votar, porém estávamos em plena pandemia. E é por isso que decidimos lançar um apelo a toda a sociedade para que, no segundo turno, as pessoas votem. Também apoiamos e nos somamos à iniciativa do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, que lançou uma campanha no mesmo sentido. É preciso que as pessoas se conscientizem da importância de votar”, diz o presidente do Iprodes, Daniel Godoy Jr.

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