Refrigerante Gengibirra se torna patrimônio cultural imaterial do Paraná

A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou nesta segunda-feira, em primeiro turno, o projeto de lei 563/2023, de autoria do deputado Anibelli Neto (MDB), que declara a Gengibirra como Patrimônio de Natureza Cultural Imaterial do Estado do Paraná. A bebida é um símbolo da empresa Cini Bebidas, que comemora 120 anos em 2024.

A Cini Bebidas foi fundada em 1904, mas o primeiro produto surgiu antes, na Colônia Cecília, em Palmeira, região dos Campos Gerais. O italiano Ezígio Cini e sua esposa Aldina faziam, nos fins de semana, uma bebida misturando água, açúcar e gengibre. Desde 2019, a Gengibirra já é patrimônio cultural e imaterial do município de Palmeira e agora deve receber esse reconhecimento em todo o estado.

A Gengibirra tem tradição e herança italiana no solo paranaense. O Sr. Egízio Cini, italiano que migrou para o Brasil em 1890, fundou um jornal, o II Diritto Libertário; uma cervejaria e lançou a semente dos refrigerantes Cini.

Segundo o Portal Italianismo, dedicado à comunidade italiana, esta aventura começou quando Egízio Cini resolveu sair da região do Vêneto, na Itália, para vir ao Brasil, assim como fizeram milhares de imigrantes italianos na mesma época, em busca de melhores condições de trabalho. Chegando ao Brasil, ele foi morar na Colônia Cecília, lugar onde ocorreu uma das poucas experiências anárquicas que se tem registro na América Latina.

Na colônia, o pioneiro Egízio Cini casou-se com Aldina Benedetti; e juntos construíram um moinho de fubá e tiveram filhos. O primogênito foi Hugo Cini, nascido em 1º de outubro de 1891.
Foi na Colônia Cecília também que surgiu a receita da famosa Gengibirra, produzida em casa por Egízio Cini e sua família, para ser bebida aos finais de semana. A bebida era uma mistura de água, açúcar e gengibre. Apesar do nome, não era alcoólica, mas recebeu a denominação por ser fermentada.
Em 1904, Egízio Cini e sua família foram morar em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

Ali resolveu fundar, no mesmo ano, a Cervejaria Esperança, em sociedade com Carlos Chelli.
Na década de 1920, Egízio Cini morreu. Assim, sua esposa Aldina e o filho Hugo, que comprou a parte de Carlos Chelli, assumiram os negócios. A empresa foi rebatizada de Hugo Cini e Cia. E foi o primogênito Hugo quem levou a fórmula do refrigerante gengibirra para a fábrica.

Na época, a empresa tinha uma máquina manual movida a pedal, um tanque para lavagem das garrafas e tonéis de carvalho para a cerveja. A fermentação levava de 25 a 30 dias e a matéria-prima vinha da Tchecoslováquia, em caixas lacradas com zinco.

A fábrica era em São José dos Pinhais e um depósito foi construído em Curitiba. Em 4 de março de 1928, o depósito em Curitiba foi transformado em fábrica, com suas instalações ampliadas significativamente.

Em 1945, a empresa foi transformada em Hugo Cini e Filhos Ltda., com participação da esposa de Hugo Cini, Amélia Gobbo Cini, e de seus filhos Carlos Egízio, Carolina Isolina, Aldina, Orlando, Espérdie, Nilo e Ginete.

As vendas eram feitas em carroças carregadas com cerca de 60 dúzias, levando capilé, aguardente, gasosa e cerveja. Como o processo para fabricação de cervejas era muito caro, a fábrica parou de produzi-las na Segunda Guerra Mundial. Na década de 40, a Cini já fabricava a colinha, refrigerante de 190 ml, com sabor maltado. Em maio de 1963 a Cini foi transformada em Sociedade Anônima, sob a designação de Hugo Cini S.A. – Indústria de Bebidas e Conexos.

Na década de 60, mesmo com uma promoção com o refrigerante colinha, que oferecia prêmios dentro da tampinha de cortiça, a fábrica parou de produzir o produto, devido à grande concorrência da Coca-Cola.

As gasosas, porém, haviam conquistado o mercado do Paraná e Santa Catarina, em especial a gengibirra. Nos anos seguintes, a Cini foi conquistando o mercado: comprou a marca Wimi, tradicional refrigerante de laranja e foi modernizando o maquinário.

No início dos anos 70 o empresário Hugo Cini morreu e o comando da empresa ficou a cargo dos filhos Orlando e Nilo. Na década de 80, o grupo passou por um processo de transição, assim como muitas outras empresas familiares.

Em 1996, a sede da indústria em Curitiba mudou para o município de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde passou a dispor de uma área de 10.000 m², sendo 6.000 m² de área construída.
No dia 17 de março de 2003, aos 84 anos, morreu o industrial Orlando Cini, neto do imigrante Egízio Cini. Em março de 2004, a indústria comemorou 100 anos de fundação, passando a oferecer novas linhas de produtos, além das bebidas gasosas, como o chá mate e as bebidas prontas de sucos de frutas.
Em 2006, o grupo retornou às raízes, em São José dos Pinhais. Atualmente a Cini é comandada por dois grupos de acionistas, herdeiros dos irmãos Orlando e Nilo Cini e já está na quarta geração, com Nilo Cini Junior, membro do Comitê de Acionistas da Cini Bebidas.

Um dos produtos mais vendidos é a bebida gengibirra, criada por Egízio na Colônia Cecília. Sua receita foi passada de geração em geração e virou um refrigerante da empresa da família. Finalmente, em 2019, a gengibirra foi tombada como patrimônio cultural imaterial de Palmeira e virou símbolo regional.

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