Convênio garante atendimento psicossocial às vítimas do tornado em Rio Bonito do Iguaçu

Foi assinado nesta segunda-feira (15), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o convênio que viabiliza uma força-tarefa de atendimento psicossocial emergencial às vítimas do tornado que atingiu o município de Rio Bonito do Iguaçu na noite de 7 de novembro. Os atendimentos devem ter início no mês de janeiro, com atuação contínua no município por aproximadamente 90 dias. A iniciativa é da deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT), coordenadora da Frente Parlamentar de Proteção à Saúde Mental, com apoio da deputada Márcia Huçulak (PSD), em parceria com o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR).

Para Ana Júlia, o convênio representa uma resposta concreta do Parlamento diante do sofrimento das famílias atingidas. “O trabalho parlamentar precisa estar sempre a serviço das pessoas. Quando essa tragédia aconteceu, nós ficamos pensando o tempo todo no que poderíamos fazer, de forma concreta, para ajudar a reconstruir a vida dessas famílias”, afirmou. Segundo a deputada, “a proteção da saúde mental é um caminho fundamental nesse processo”, e o atendimento continuado e especializado é essencial para lidar com o trauma provocado pela perda repentina de casas, bens e projetos de vida. “Viabilizar transporte, hospedagem e alimentação para os psicólogos voluntários garante que esse cuidado chegue de fato a quem mais precisa”, completou.

Autorizado pela Comissão Executiva da Alep, o convênio tem valor estimado de R$ 418.539,20 e assegura as condições logísticas necessárias para a atuação em campo, seguindo os parâmetros oficiais de diárias do Estado do Paraná, conforme o Decreto nº 6.358/2024. O objetivo da ação é oferecer acolhimento humanizado, reduzir o sofrimento emocional e encaminhar as famílias afetadas para a rede municipal de saúde e assistência social, diante dos impactos do desastre, que destruiu moradias, equipamentos públicos e desestruturou a vida de centenas de famílias.

A força-tarefa contará ainda com a participação do Ministério da Saúde, que atuará de forma integrada às ações no território, somando esforços à rede pública local e às equipes mobilizadas para garantir o cuidado integral às famílias atingidas, especialmente no acompanhamento em saúde mental no pós-desastre.

O CRP-PR mobilizou 150 profissionais voluntários, dos quais 110 receberam capacitação específica para atuação em situações de emergência, crises e desastres naturais, garantindo presença contínua no município por aproximadamente 90 dias. As ações incluem acolhimento psicológico emergencial, atendimentos individuais e em grupo, atividades lúdicas voltadas às crianças, triagem de riscos psicossociais, encaminhamentos ao SUS e ao SUAS, além de orientação aos profissionais municipais envolvidos na resposta ao desastre.

Os atendimentos ocorrerão em espaços seguros disponibilizados pela Prefeitura, como CRAS, unidades de saúde, escolas e ginásios. Ao final da operação, será elaborado um relatório técnico com dados consolidados dos atendimentos realizados, as principais demandas psicossociais identificadas e recomendações para as próximas etapas de acompanhamento e reconstrução comunitária.

Durante a assinatura do convênio, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi, destacou a atuação rápida da Casa desde a ocorrência do tornado. “Menos de 48 horas depois da tragédia, a Assembleia já estava reunida para aprovar medidas emergenciais importantes. Agora, com esse convênio, garantimos atendimento psicológico gratuito às famílias que perderam entes queridos, suas casas e seus meios de trabalho”, afirmou. Para ele, “não basta reconstruir casas e comércios; o atendimento psicológico é fundamental para que as pessoas consigam retomar suas vidas”.

O presidente do CRP-PR, Gilberto Gaertner, ressaltou que o convênio permitirá qualificar a atuação profissional diante de eventos climáticos extremos. “Muitas consequências emocionais não aparecem imediatamente, como o estresse pós-traumático. Esse convênio é fundamental para permitir uma capacitação de alto nível dos profissionais e dar suporte às ações que já estão acontecendo”, explicou. Ele destacou ainda a importância do trabalho com crianças: “Elas estão ainda mais desorientadas, porque escolas e espaços de convivência foram destruídos, e precisam de apoio para retomar rotinas e processos de desenvolvimento”.

A deputada Márcia Huçulak (PSD) afirmou que o sofrimento emocional sempre esteve entre as principais preocupações após a tragédia. “Desde a sessão extraordinária logo depois do tornado, uma das questões que mais me angustiavam era a dor da alma dessas famílias”, disse. Para ela, “a reconstrução física precisa caminhar junto com o cuidado com a saúde mental”, destacando a importância do apoio às famílias, às crianças e aos jovens no processo de reconstrução.

A ação será realizada em cooperação com a Prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu, por meio das áreas de Saúde, Assistência Social e Educação, com apoio da Defesa Civil municipal e estadual, do Ministério da Saúde, além de organizações comunitárias e instituições de ensino.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *