20 pessoas LGBTI+ são eleitas no Brasil no 1º turno das Eleições de 2022

Programa Voto Com Orgulho da Aliança Nacional LGBTI+ monitorou o processo eleitoral de 2022 e levantou 355 candidaturas LGBTI+. Destas, além das 20 eleitas, 233 (65%) ficaram como suplentes. A entidade, juntamente com outros movimentos, realizará o primeiro encontro de pessoas LGBTI+ eleitas, em novembro no Rio de Janeiro.

Nas eleições de domingo (02/10), 355 pessoas LGBTI+ candidatos que concorreram ao pleito de governador/a, senador/a, deputada/o estadual e deputada/o federal em quase todos os estados brasileiros.

Erika Hilton foi eleita em São Paulo


Destas 355 candidaturas, 20 pessoas LGBTI+ foram eleitas, sendo 1 governadora, 5 deputados/as federais, 13 deputados/as estaduais e 1 deputado distrital.

Das candidaturas eleitas, 6 são lésbicas, 5 mulheres bissexuais, 4 mulheres trans, 2 gays, 1 homem bissexual e 02 sem registro na fonte do cadastro quanto à identidade de gênero / orientação sexual.

Um terço das pessoas eleitas (7) são do estado de São Paulo. E a maioria por partido é do PSOL com 9 pessoas eleitas, seguido do PT com 5.

Tomando por base o total das candidaturas, São Paulo foi o estado com o maior número de candidaturas LGBTI+, com 66, seguido de Minas Gerais com 33 e Rio Grande do Sul com 31. Em relação à filiação partidária, foram representados 24 partidos políticos, liderados pelo PSOL com 108 candidaturas, representando 30% do total. O PT teve 73 candidaturas (21%), PSB 38 (11%) e PDT 33 (9%). 213 pessoas LGBTI+ se candidataram a deputado/estadual e 11 a deputado/a distrital. Foram 122 pessoas LGBTI à deputado/a federal, 3 a senador/a, 5 a governador/a e 1 a vice-governador. 77 se identificaram como gays, 53 como lésbicas, 62 como bissexuais (masculino e feminino), 42 como mulheres trans e 16 como travestis, 3 como homens trans, 4 como não binárie e 7 como pansexual.

No estado de Minas Gerais foi eleita para deputada federal a vereadora de Belo Horizonte e mulher trans Duda Salabert (PDT) e também mulher bissexual, Dandara (PT). Já São Paulo, para a câmara federal, elegeu a vereadora da cidade de São Paulo e mulher trans negra Erika Hilton (PSOL). Também para o legislativo federal, o Rio Grande do Sul elegeu a vereadora lésbica negra Daiana Santos (PCdoB) e Pernambuco, o homem gay, Clodoaldo Magalhães (PV). Erika Hilton e Duda Salabert estão entre as 50 pessoas mais votadas do país.

O estado de São Paulo elegeu o maior número de parlamentares para uma Assembléia Legislativa, somando um total de 06 pessoas LGBTI+/Coletiva eleitas, sendo 4 (PSOL), 1 (PT) e 1 (PCdoB). Destes um homem bissexual, Guilherme Cortez (PSOL), uma lésbica negra reeleita, a cantora Leci Brandão (PcdoB), uma mulher bissexual Thainara Faria (PT), a mulher bissexual Ediane Maria do Nascimento e mais dois mandatos coletivos Lgbti+ (PSOL). Já o estado do Rio de Janeiro elegeu três mulheres negras, sendo uma mulher trans, a professora Dani Balbi (PCdoB), uma lésbica negra, a vereadora de Niterói Verônica Lima (PT) e uma mulher bissexual reeleita, Dani Monteiro (PSOL).

O estado de Minas Gerais elegeu para deputada estadual a lésbica, Bella Gonçalves (PSOL). Apesar de ter uma maior concentração de pessoas eleitas na região Sudeste, houve também a eleição para as Assembleias Legislativas do estado do Acre, a mulher bissexual Dra. Michelle Melo (PDT), do Distrito Federal, reeleito e mais votado, o homem gay Fabio Felix (PSOL), de Sergipe, a mulher trans Linda Brasil (PSOL) e de Pernambuco, a lésbica Rosa Amorim (PT).

O Rio Grande do Norte reelegeu a Governadora Fatima Bezerra (PT), a única mulher eleita no primeiro turno assumidamente lésbica.

Para Cláudio Nascimento, diretor de políticas públicas da Aliança Nacional LGBTI+, que faz parte da equipe do Programa Voto Com Orgulho, projeto este que monitorou as eleições: “a votação de domingo trouxe um fato novo muito importante, que foi de eleger, pela primeira vez, pessoas trans para deputada federal num país que mais mata pessoas trans no mundo e o aumento da eleição de pessoas LGBTI+, com destaque para as mulheres lésbicas, bissexuais e trans para o legislativo estadual possibilitando maior representação nesses espaços. No entanto, os dados também mostram que o número de pessoas LGBTI+ eleitas em comparação com as pessoas LGBTI+ que se candidataram e o número de cadeiras no poder legislativo é desproporcional e mostra que ainda temos muito a caminhar. Temos uma grande dificuldade em obter apoio, recursos e tratamentos adequados dentro dos partidos políticos o que retrai a capacidade de representação política das agendas por direitos de nossa comunidade. Mas é fundamental comemorar o crescimento de nossa representação”.

“É importante reconhecer a expressiva eleição de pessoas trans para cargos no legislativo e de outras pessoas LGBTI+. É um número importante e histórico em relação as eleições anteriores, porém é preciso chamar a atenção da sociedade quanto ainda o preconceito prejudica as candidaturas LGBTI+ e como é urgente que os partidos políticos valorizem e apoiem verdadeiramente as nossas candidaturas. É fundamental ter uma cota de recursos e tempo de televisão para que essa representação política LGBTI+ seja maior no processo eleitoral e nos partidos políticos. Trabalharemos com as pessoas eleitas para que construamos estratégias de visibilidade e organização política para que nos próximos pleitos tenhamos uma maior representação. Assim, nos dias 25 e 26 de novembro, realizaremos no Rio de Janeiro, durante a programação oficial da 27ª Parada do Orgulho LGBTI+, o primeiro encontro de pessoas LGBTI+ e aliadas eleitas neste pleito juntamente com vereadoras/es LGBTI+, uma parceria entre o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, a Aliança Nacional LGBTI+ e a organização internacional Global Equality Caucus”, reiterou Toni Reis Presidente da Aliança Nacional LGBTI+, também da equipe do Programa Voto Com Orgulho.

O Programa Voto Com Orgulho é uma realização da Aliança Nacional LGBTI+, conta com a parceria técnica do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+ e Grupo Dignidade e tem o apoio institucional da Rede GayLatino, da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, da Instituto Sinergia de Minas Gerais, do Sleeping Giants, da Transparência Eleitoral, do Fonatrans – Fórum Nacional de Pessoas Trans Negras e Global Equality Caucus.

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