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Copel: terceirizada que tem contrato de R$ 32 mi atrasa salários e responde mais de 50 ações na Justiça

A Copel paga R$ 891 mil por mês para a Alô Serviços. Funcionários reclamam de salários atrasados

Em tempos em que o governo do Estado tenta privatizar a Copel, uma experiência dentro da própria companhia mostra os danos que podem ser causados ao entregar para a iniciativa privada uma empresa pública que presta serviço essencial. A Alô Serviços, terceirizada de telemarketing da Copel, responde a 52 ações trabalhistas ligadas ao contrato com a companhia paranaense, conforme certidão emitida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região.

Empresa que presta serviços para a Copel deve para funcionários. Foto: Divulgação Copel

A principal reclamação dos funcionários é quanto ao atraso no pagamento de salários, vales-refeição e bônus, além do não recolhimento FGTS – apesar de a empresa descontá-lo do holerite. Ainda há questionamentos sobre atrasos nos valores das rescisões trabalhistas.

O contrato com a Alô soma R$ 32 milhões para um período de 36 meses, um total de R$ 891 mil por mês. A empresa tem sede em Porto Alegre, mas o telemarketing funciona em Londrina, no Paraná, na Av. Luigi Amoresi, 6485.

Os problemas trabalhistas foram questionados em 12 de maio deste ano pelo deputado estadual Arilson Chiorato. Em resposta ao requerimento, a Copel confirmou os problemas, mas disse ter conhecimento de apenas 10 ações trabalhistas, nas quais a empresa responde como polo passivo. A companhia ainda informou que não abriu processo administrativo para apurar as irregularidades.

De acordo com uma fonte consultada pela reportagem e que está acionando a Alô, a empresa paga para o cargo de atendimento salário mínimo de R$ 1.212,00. Cerca de 200 pessoas trabalham na função.

Segundo a mesma fonte, que preferiu não se identificar, neste mês a empresa passou a pagar os salários em dia. FGTS, diz a fonte, ainda está pendente. “Tem funcionários que pediram demissão e não receberam ainda. Funcionários que saíram há 5 meses e até agora não receberam nada”, afirmou.

Terceirização da Copel

Os funcionários terceirizados da Copel saltaram de 5.225, em 2010, para 8.420 em 2021. Os dados estão nos registros do Ministério Público do Trabalho, na RAIS e na divulgação da Copel, sendo compilados pelo DIEESE-PR.

Em contrapartida, no mesmo período a empresa demitiu um terço de seu quadro de funcionários. “Pela RAIS, o número de trabalhadores no período de 2010 a 2020 diminuiu 26,92%, passando de 8.399, em 2010, para 6.138, em 2020. A perda é de 2.261 empregos. A maior parte desta queda vem ocorrendo nos últimos anos, principalmente de 2017 a 2020, apresentando queda de 19,60%, com a perda de 1.496 postos de trabalho”, avalia o DIEESE.

Para o presidente do SENGE (Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná), Leandro Grassmann, essa política de gestão traz um diagnóstico claro e um problema. O primeiro é que o modelo aumenta as atribuições dos funcionários sem necessariamente remunerá-los por isso. “Os terceirizados não têm direito a receber participação nos lucros da empresa. E mesmo os copelianos estão vendo o resultado do seu trabalho ser pior remunerado. Enquanto se paga R$ 290 milhões de PLR, se distribui R$ 3 bilhões de dividendos. A sociedade paranaense precisa entender que o grande custo na sua conta de luz não é para remunerar os trabalhadores e sim para engordar a poupança dos acionistas”, compara Leandro.

Até setembro de 2021, a Copel obteve lucro líquido de R$ 4,6 bilhões. A privatização em discussão na Assembleia Legislativa do Paraná está cotada em R$ 3 bilhões.

0 resposta

  1. É essa diretoria malandra que está na copel a mais de 10 anos que vem causando esse dano absurdo aos Empregados e também à população Paranaense que sofre principalmente em dias de temporal, fica as m até 15 dias sem energia e aí criticam a Empresa dizendo que tem que privatizar.
    Hoje a copel não tem mais equipe de linha viva e o terceirizado que vai para o trabalho não tem o mesmo conhecimento técnico de um Empregado da Copel. Isso fez com que a qualidade no trabalho diminuísse muito.

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