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Tensão entre Requião e PT tem solução? Presidente do PT-PR espera que sim

Quem é Requião é Lula é quem é Lula é Requião tocará de novo? Foto: Eduardo Matysiak

Em entrevista ao Revérbero nessa quarta-feira, 1°, o deputado estadual e presidente do PT no Paraná, Arilson Chiorato, afirmou que espera uma reaproximação com Roberto Requião. Nas últimas semanas, o ex-governador, principal liderança da esquerda no Estado, tem manifestado descontentamento com parte do PT e áreas específicas do governo Lula.

“O Requião é uma grande pessoa. O melhor governador que o Paraná já teve. Tem uma história respeitada e sabemos das qualidades que tem. Temos de construir com ele e dar o espaço político para todos que queiram construir um Brasil melhor. E Requião faz parte disso. Temos certeza que logo estaremos novamente com o mesmo diálogo. Há um contratempo que logo será superado”, afirma Chiorato.

Arilson chiorato, presidente do pt-pr

Entenda

Requião tem feito críticas pontuais ao governo Lula em razão de políticas que envolvem a Petrobras e a Eletrobrás. Requião vê um viés neoliberal na administração da Petrobras e defende a reestatização da Eletrobras, contudo, considera que o governo não esteja sendo enérgico o suficiente. Ele ainda tem se manifestado contrário à autonomia do Banco Central. O fortalecimento de empresas públicas contra o mercado financeiro é a luta da vida do ex-governador.

A situação não melhorou com escolhas recentes da cúpula do PT e Requião não esconde mágoas com caciques do partido que, na visão de aliados do ex-governador, deixaram-no de lado após a eleição de Lula.

Já havia causado estranheza Requião ficar fora da equipe de transição no final do ano passado – onde coube quase todo mundo, não caberia um dos principais nacionalistas do Brasil, perguntavam-se os requianistas.

Através de seu twitter, Requião afirma que em nenhum momento foi chamado para conversar. É isso que o teria deixado mais inconformado. O ex-governador julga que foi para o sacrifício ao concorrer ao governo do Estado, quando poderia ter disputado uma vaga na Câmara dos Deputados com potencial para ser o mais votado do Estado. Com a sua ampla experiência política, ele gostaria de ser ouvido e dar contribuições.

Aí, veio a Itaipu. Nos bastidores, diz-se que havia um entendimento tácito de que Requião iria ocupar a presidência da binacional. Não foi. Na verdade até foi convidado para a Itaipu, mas para um cargo que julgou desrespeitoso e que chamou de “boquinha de luxo”: o de conselheiro. O salário era bom, mais de R$ 30 mil. Requião ganha atualmente R$ 3.500 de aposentadoria. Mas, alegou que, tento a história que tem, não poderia aceitar o cargo.

Desde então, as relações estão estremecidas.

Requião, que se filiou ao PT no início do ano passado, foi um importante condutor da campanha de Lula no Paraná junto com o próprio Arilson – onde historicamente a legenda tem votação abaixo da média nacional e é o berço da Lava-Jato, operação desacreditada pela Justiça, mas que alimentou o antipetismo no Estado.

Ainda assim, Lula fez uma votação no Estado acima das expectativas. E, no segundo turno, já não sendo candidato ao governo do Estado, Requião entrou de corpo e alma na campanha do presidente eleito, participando de atos, lives, entrevistas, encontros e motivando a militância.

Aos 81 anos, viajou de carro pelo interior do Estado. O slogam da campanha dizia: “Quem é Requião é Lula e quem é Lula é Requião”.

Requião costuma lembrar que é aliado de longa data do PT, não só nesta eleição. Ele foi uma das principais vozes contra o impeachment de Dilma Rousseff. Quando governador, tinha petistas de alto calibre no primeiro escalão de seu governo. Um deles, o próprio Enio Verri, então secretário de Planejamento e agora alçado à presidência da Itaipu. Durante a prisão de Lula, comparecia corriqueiramente à Vigília pela libertação do presidente e a casa dele servia de abrigo para lideranças de todo o mundo.

Mas acabou a campanha e não foi só o jingle que parou de tocar. Será que um dia voltará?

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