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TRF4, tribunal que deu sustentação à Lava Jato, agora afasta juiz que investigava abusos da operação

Ao empreender esforços para colocar luz sobre atos suspeitos da Lava Jato, Appio passou a ter decisões derrubadas pelo TFR-4, tribunal que validou ações de Moro. Na noite de ontem, o tribunal o afastou da 13° Vara. Juristas e políticos condenam decisão

O TRF4 protagonizou na noite dessa segunda-feira, dia 23, mais um ato, no mínimo, duvidoso, afastando o juiz Eduardo Appio da 13° vara da Justiça Federal de Curitiba, jurisdição que foi comandada por Sergio Moro.

Desde que assumiu o posto, Appio tem se empenhado em combater abusos da operação Lava Jato e fez esforços para que Tacla Duran, que acusa Sergio Moro e Deltan Dallagnol por tentativa de extorsão e de perseguição, prestasse um novo depoimento – iniciativa barrada pelo mesmo tribunal, ao reestabelecer a ordem de prisão contra o advogado..

Appio foi além e pediu a prisão de Alberto Youssef, o delator protegido de Moro. O TRF4 também derrubou a decisão. Trata-se do mesmo tribunal que validou praticamente todas as decisões de Sergio Moro durante a Lava Jato, muitas das quais viriam a ser consideradas ilegais pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O mais intrigante é que o afastamento de Appio ocorreu horas depois de ele dar entrevista à Globo News, ontem, na qual disse que Deltan Dallagnol seria chamado a depor sobre o procedimento que envolve Tacla Duran . Ele deu uma declaração reforçando sua decisão de que Dallagnol, deputado federal cassado e ex-procurador da Lava Jato, será convocado para depor na condição de testemunha sobre as denúncias apresentadas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran.

“Investigações sobre a Lava Jato não são vingança, mas sim acerto de contas com a verdade”, disse Appio

Além disso, Appio disse que investigaria outros procedimentos da Lava Jato e casos que Moro, suspostamente, abafou, como a suspeita relação que a Força Tarefa da Lava Jato de Curitiba manteve com Meire Bonfim Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef.

Vindo de quem vem, chega a ser inacreditável a justificava para o afastamento: “ativismo político”, porque Appio supostamente teria ligado para o advogado João Malucelli, filho de um dos desembargadores do TRF-4, Marcelo Malucelli. João que é sócio de Moro em escritório de advocacia.

Repercussão

“Abuso inominável”. Assim um dos principais criminalistas do país, o advogado Kakay, classificou a decisão, em entrevista à Revista Fórum. “Afastar o juiz de sua jurisdição por um ato que, ao que tudo indica, não tenha gravidade suficiente para tal, é um abuso inominável. É o judiciário desdenhando do judiciário. É lamentável que essa discussão sobre o poder da ainda existente Lava Jato, pois essa decisão demonstra claramente que a Lava Jato ainda está viva, possa de certa forma fazer as pessoas duvidarem da seriedade do poder judiciário. Absolutamente lamentável”, afirma o advogado.

Em entrevista ao jornalista Jamil Chade, do UOL, Duran qualificou como “absurda” a decisão liminar do TRF-4 e disse que esta é “mais uma tentativa para afastar o juiz natural da 13a Vara Federal de Curitiba”. “Extrapolaram a competência e a prevenção do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do ministro Luis Felipe Salomão”, disse Duran.

Para o parlamentar Rodrigo Correia (PT), o TRF4 que evitar depoimentos do advogado Rodrigo Tacla Duran, que implicou o deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) em casos de extorsão na Lava Jato. Também atribuiu ao ex-procurador a gravação ilegal de 30 mil conversas. “TRF4 afasta juiz Eduardo Appio da 13a Vara de Curitiba. Tudo para tentar evitar depoimento de Tacla Duran na Justiça e na Câmara de Deputados. O advogado quer trazer provas da corrupção de Dallagnol e Moro na Lava Jato”, escreveu o parlamentar no Twitter.

Para o deputado Ivan Valente, O juiz Eduardo Appio foi afastado pelo TRF4 dos processos da operação Lava Jato. Tudo indica se tratar de mais uma armação política. Dallagnol e Moro comemoraram, isso já diz muita coisa.

Já os lavajtistas, como não poderia ser diferente, comemoraram.

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