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Educadores lotam Assembleia Legislativa para marcar o 30 de agosto

Fotos: APP Sindicato

Há 35 anos, a história do Paraná era manchada por um ato de covardia e crueldade contra professores e funcionários de escolas que se manifestavam na Praça Nossa Senhora de Salete, em Curitiba. Eles foram atacados pela cavalaria da polícia, sob comando do então governador Alvaro Dias.

Por isso, desde então os professores guardam a data como um dia de luta e luto, realizando manifestações em todo o estado. E aproveitam para também colocar as pautas da educação em evidência.

Em Curitiba, os educadores se concentram pela manhã em frente à Assembleia Legislativa. Depois, entraram no legislativo e lotaram o espaço, durante a sessão plenária. A agenda incluiu reunião com a comissão de educação e com os parlamentares de Oposição, que apoiam a causa.

Deputados de oposição manifestaram apoio às causas dos educadores. Foto: Orlando Kissner/Alep

A professora aposentada, Lucília de Oliveira Mattos, lembra em detalhes do massacre. “O governador era o Álvaro Dias. Era mais ou menos na hora do almoço. Estava todo mundo reunido. Tinha aposentados e professores do Paraná inteiro. De repente soltaram a cavalaria em cima da gente”.

“O que eu vivi no 30 de agosto, jamais vou esquecer, ver meus colegas apanhando de cassetete”, conta a professora aposentada, Marlete Ferreira Sebastião, da região de Assis Chateaubriand.

“Depois disso eu também já passei por outras situações que não era mais cavalo, era avião soltando bombas”, relata o professor aposentado, Sérgio Chaves, da cidade de Ivaiporã.

Lucília, Marlete e Sérgio são três memórias vivas de um dos episódios mais marcantes da história de luta em defesa da educação pública do Paraná. Nesta quarta-feira (30) eles se reencontraram mais uma vez, agora para denunciar as violências do governo Ratinho Jr.

Durante o período da manhã, aposentados, funcionários de escola e estudantes lotaram as galerias da Assembleia Legislativa do Paraná. Com faixas e cartazes, eles protestaram e reivindicaram atendimento das pautas da categoria.

Dia de mobilização

Dos vários pedidos dos educadores, a presidenta da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto, destaca o pleito dos aposentados quanto ao desconto previdenciário e ao reajuste pelo piso do magistério para os que não têm paridade, revisão da carreira dos funcionários de escola (QFEB), concurso público e o fim da imposição pelo uso de plataformas digitais.

Nas escolas, a data também foi de mobilização, com o Dia de Plataforma Zero, um protesto contra as metas e a pressão sobre estudantes e professores quanto a utilização de aplicativos e ferramentas digitais que não têm favorecido a aprendizagem, mas provocado o adoecimento da categoria.

“Hoje é mais um dia que marca a história de luta dos trabalhadores e trabalhadoras da educação aqui no Paraná. Vamos fazer a Secretaria de Estado da Educação sentar e debater conosco a nossa organização pedagógica e curricular das escolas”, enfatiza a dirigente.

Fotos: APP Sindicato

Avanços e debates

Ainda na parte da manhã, uma comissão formada por dirigentes da APP e educadores foi recebida pelo líder do governo na Alep, deputado Hussein Bakri (PSD). Também participaram da reunião os deputados Professor Lemos (PT) e Luciana Rafagnin (PT).

Funcionários

Com relação aos funcionários, o líder do governo prometeu dar celeridade à tramitação do projeto de lei de revisão da tabela salarial, após a matéria ser enviada pelo Executivo. A proposta segue em debate entre APP e Seed.

Aposentados

Nos itens dos aposentados, quanto à extensão do reajuste do piso nacional do magistério aos professores aposentados sem paridade, o líder do governo ligou para o secretário da Educação, que lhe comprometeu-se a encaminhar a demanda junto às secretarias de Fazenda e da Previdência, com o objetivo de busca uma forma de garantir a complementação desse valor.

No pleito da faixa de isenção do desconto previdenciário, a APP reivindica que aposentados não sejam taxados, mas como a demanda ainda não é possível, que essas cobranças sejam feitas só no valor que ultrapassar o teto do INSS. Walkiria explica que essa pauta, que um grupo de trabalho será criado na Alep para fazer os estudos e levar essa pauta ao governador.

Plataformas

Sobre as plataformas, diante dessa intensificação dos dos aplicativos, das cobranças e das metas, o líder do governo ficou de convocar o secretário de Educação para debater o tema e buscar uma solução que seja boa para os estudantes e também para os professores.

Concurso público

Os inúmeros problemas e reclamações do concurso público em andamento para contratar professores e pedagogos, também foi pautado. Uma nova reunião com a Secretária de Administração e Previdência (Seap) deverá ser realizada para tratar do assunto.

Esperança

Para a professora Marlete Ferreira, 30 de agosto de 1988 é uma lembrança sofrida, mas ela não desiste da luta. “Enquanto houver vida, há esperança. Porém a esperança depende também da nossa luta. E nós vamos lutar sempre que necessário for”, afirma, destacando que “quem não luta por seus direitos, não tem direito algum” e se o trabalhador não vem pra luta, “pior ficará”.

Com informações da APP Sindicato

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