Deputados da base do governo viram na sessão nesta segunda-feira, dia 30, da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) a fúria da Oposição após sugerirem que o caso do programa israelense espião no Paraná é uma fantasia. De acordo com deputados da Oposição, há indícios de grampos ilegais que precisam ser investigados.
Isso porque o governo contratou o mesmo software que, segundo investigações da Polícia Federal, vinha sendo utilizado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo Bolsonaro para espionar ilegalmente políticos, membros do Judiciário, jornalistas e adversários. Paralelo a isso, criou uma diretoria de inteligência na CGE (Controladoria Geral do Estado) comandada por um marroquino, o que gerou desconfiança de que os fatos estivessem interligados e que o programa pudesse estar sendo utilizado não apenas em investigações policiais.
“Temos todos os indícios dos grampos, espionagem marroquina, ou como quiserem chamar, e vamos deixar a cargo do Ministério Público Federal. Nós questionamos quem usou o programa e como a CGE não sabia que um membro é investigado justamente por acesso indevido a dados de outras pessoas. A CGE é tão boa que não sabia disso e nem que há casos de nepotismo na Lotopar”, afirmou o deputado Requião Filho, líder da Oposição.
O vice-líder do governo Gugu Bueno (PSD) admitiu que o caso teve grande repercussão. “Quase um filme de James Bond. Fiquei impressionado com a repercussão. Dias e dias matérias e redes sociais e o fato ganhou uma grande proporção”.
Na semana passada, veio à tona a informação que o governo Ratinho Jr. mantém um prédio na rua Marechal Deodoro, em Curitiba, que abriga funcionários da CGE – um dos órgãos que a Oposição questiona se operou um programa espião no Paraná. O prédio não tem identificação oficial, nem mesmo portaria, e as pessoas que trabalham no local não quiseram dizer o que fazem lá dentro, conforme mostrou reportagem da RPC na noite dessa quinta-feira, dia 26.
O edifício Baracal foi alugado por R$ 1,7 milhão pelo período de junho a dezembro deste ano. O governo não informou para qual finalidade ele é utilizado.
A oposição questiona se o programa espião estaria presente na diretoria de inteligência comandada por um marroquino asilado no Brasil, conforme reportagem da RPC. Antes, ele foi assessor direto do governador Ratinho Jr. Governo não respondeu quais as qualificações do profissional nem como ele chegou ao cargo.
De acordo com Requião Filho, o governo precisa explicar por que contratou o marroquino Mehdi Mouazen para um cargo de alto escalão e qual o currículo dele. “O Ratinho Jr. precisa explicar qual o currículo dele, que desde 2014 está no Paraná e subiu rapidamente as escadas do poder. Quem o nomeou e mais de uma vez e levou para Dubai foi o Ratinho Jr. Além disso, precisa explicar por que tem na corregedoria um policial investigado, quem usou ou não usou os programas e por que temos um prédio inteiro alugado a quase R$ 2 milhões, onde não se tem notícia de nada do governo funcionando lá”.
O deputado ainda pediu que o governo abra os dados do software para saber quem o acessou e de que local ocorreu o acesso.
O deputado Arilson Chiorato convidou o marroquino Mehdi Mouazen para ir à Alep prestar esclarecimentos. “Se o governo não tem medo, vamos trazê-lo aqui para contar o que houve, através de um diálogo aberto sobre tudo que está acontecendo. O que não dá é para fazer politicagem com esse fato. Cabe ao governo esclarecer o que está acontecendo. Temos relações muito estranhas nesse governo. No pedágio tinha relação argentina. Agora uma relação marroquina. Parece esse governo não tem DNA paranaense”.
O deputado Renato Freitas contextualizou que, até então, uma interceptação dependia de autorização judicial e contribuição das operadas de telefonia. “Necessariamente, passava pelo crivo judicial, criando um obstáculo aqueles que praticam a espionagem. Agora, com esse software israelense não é necessário requerimento para as operadas, pois ele interfere no sinal e consegue em tempo real saber onde a pessoa está e, inclusive, mandar mensagens no lugar do verdadeiro remetente. Potencialmente, pode praticar muitos crimes”.
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