Em entrevista ao Congresso em Foco, o atual secretário nacional de Economia Popular e Solidária, Gilberto Carvalho, afirmou que está preocupado com os rumos do governo e da esquerda. Para ele, as forças de esquerda se distanciaram da população mais carente, deixando o caminho aberto para os evangélicos e para uma direita com “uma militância ferrenha que se expressa de maneira absurda nas redes sociais e que faz a cabeça dos pobres”.
Carvalho entende que a governabilidade não pode se apoiar apenas na composição com a maioria conservadora do Congresso Nacional. Fazer concessões, argumentou, é insuficiente porque “eles não nos aceitam”. “No primeiro momento que eles puderem, eles vão nos derrubar, porque a nossa lógica vai contra a lógica deles”, acrescentou. E concluiu: “Só tem um jeito de dar governabilidade — investir na conscientização e na participação popular”.
Hoje à frente de uma secretaria vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, Gilberto Carvalho enfatizou, no encontro de segunda-feira: “A esquerda tem de mudar o seu jeito de fazer. A igreja tem de mudar o jeito de lidar, nós temos que conviver com os pobres. Nós temos que estar perto”. Fazer um bom governo, no seu entender, jamais será o bastante.
“Não adianta nada” — continuou — “fazer tudo isso e depois vem um golpe e derruba tudo. E o povo volta a viver uma experiência pior do que a que vivia. Então, amar o pobre, não desviar do pobre, também é investir, insistir na educação popular, na conscientização. Fazer de cada ato, de cada conquista dessa, um momento de educação, de autoconsciência.”