Ratinho Jr. e Moro em arenas opostas

O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) dá sinais de que está disposto a fazer o jogo político e começa a se apresentar como antagonista de Ratinho Junior (PSD) dentro do campo da direita. O senador e o governador estão em campos opostos nas eleições em Curitiba e em outros municípios, como Guarapuava. 

Na capital paranaense, Ratinho Junior apoia a candidatura à prefeitura de Eduardo Pimentel (PSD), atual vice de Rafael Greca, e teve papel decisivo na escolha do postulante a vice – o bolsonarista Paulo Martins. 

Já Moro caminha com Ney Leprevost (União Brasil), tendo indicado a cônjuge Rosangela Moro, deputada por São Paulo, na vaga de vice na chapa. 

Em Guarapuava, Ratinho Jr. lançou o agricultor Edenilson Baitala, do PL, também com apoio de Bolsonaro. Moro, por sua vez, está apoiando Samuel Ribas, que é parente do ex-prefeito Fernando Ribas Carli.

A aposta de Ratinho em Baitala teria uma motivação adicional: fustigar seu principal adversário na cidade, o ex-prefeito Cesar Silvestri Filho, que apoia a reeleição de Celso Goés.

A candidatura de Baitala também conta com o apoio de um grupo tradicional na cidade, liderado pelo deputado estadual Artagão de Mattos Leão. 

Tanto em Curitiba como em Guarapuava, Ratinho e Moro estão em lados separados. O governador apoia Baitala; já o Senador está com Samuel Ribas, parente do ex-prefeito Fernando Ribas Carli

Nas hastes petistas, a conta que se faz é que três candidaturas de direita ajudam e muito a chance de vitória de Dr. Antenor, pois dividem votos entre si em uma cidade que não tem segundo turno.

Já os adversários apostam que podem se viabilizar como adversário direto e polarizar a disputa com o Dr. Antenor, concentrando na reta final os votos que iriam naturalmente para outros nomes – o chamado “voto útil”. Resta saber se isso vai acontecer e quem deles conseguirá se apresentar como principal rival do petista.

No jogo

Em julho, a Folha noticiou que Moro contestou nomes de pré-candidatos a prefeito pelo União Brasil em quatro cidades paranaenses: Maringá, Londrina, Francisco Beltrão e Araucária. Também pediu mudanças nos comandos dos diretórios do partido nos mesmos municípios.

Moro pediu que nas quatro cidades houvesse “intervenção imediata com dissolução do diretório e formação de novos com integrantes por mim indicados”.

Moro, que já admitiu planos de ser candidato ao governo em 2026, afirmou ainda que a intervenção é “imprescindível para o fortalecimento do União Brasil” e para “o planejamento estratégico não só para 2024 como também para 2026”.

Maringá

Em Maringá, Moro teve uma briga pública com o deputado Do Carmo.  O ex-juiz interveio contra a candidatura citando “suspeitas de conduta criminosa”. Ele defende que a legenda adote uma postura de neutralidade no município.

Do Carmo disse ser vítima de racismo e chamou o senador de traidor. “Eu estou sendo vítima de racismo seu. Você quer transformar o molequinho e o negrinho de vila em delinquente e marginal, mas comigo o senhor não vai fazer”.

Moro, por sua vez, mencionou o histórico de policial de Do Carmo para vetar a candidatura. “Ética e honestidade são fundamentais. Por isso, não permitirei que em minha cidade meu partido tenha um candidato sobre quem recaem suspeitas de conduta criminosa”, afirmou, em nota

De acordo com Moro, Do Carmo foi acusado de extorquir sacoleiros e receber suborno à época que integrava os quadros da Polícia Militar. “Após apuração, a Comissão Disciplinar da PM concluiu por expulsar Do Carmo – que se desligou da corporação antes da penalidade. Essa é a única razão de minha atitude contrária à candidatura deste cidadão”.

Do Carmo diz que as acusações são inverdades. “Eu tenho muito orgulho do sargento que eu fui na Polícia Militar do Paraná. Saí por pessoas como você [Moro], sem escrúpulos, sem moral e sem histórico algum de lealdade com alguém”.

O deputado chamou o ex-juiz de traidor. “Não fui eu que traiu o presidente Bolsonaro. Não fui eu que traiu o senador Álvaro Dias, que te sustentou politicamente por vários anos”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *