O escritor Salvio Kotter e o juiz Eduardo Appio lançam nesta quinta, dia 21, às 19hs, no Restaurante Nina, o livro “Tudo por dinheiro: a ganância da Lavajato”.
O livro, publicado pela editora Kotter, é baseado em entrevistas de Salvio Kotter junto ao juiz. A obra revela os bastidores da operação lava jato quando então juiz Eduardo Appio ocupava a 13ª Vara Federal, substituindo Sergio Moro.
A obra será lançada pelo Museu da Lava Jato, pelo Instituto Memória, Legalidade e Justiça, com apoio do Museu da Democracia, projeto Ideclatra e do Defesa Da Classe Trabalhadora.
O livro
O livro mostra a A Ascensão e Queda da Lava Jato e como a operação se transformou de uma investigação anticorrupção em um jogo de poder e ganância, segundo Eduardo Appio.
A obra aborda como Eduardo Appio se tornou o juiz que desafiou o sistema, enfrentando as forças por trás da Lava Jato, expondo suas práticas ilegais e interesses ocultos.
Também estão no livro os verdadeiros beneficiados pela Lava Jato, em um sistema que explorou a justiça em troca de ganhos financeiros exorbitantes, e os Os Bastidores da Operação, resgatando casos emblemáticos como Tacla Duran e Tony Garcia, e como eles revelaram as práticas de extorsão dentro da Lava Jato, segundo Eduardo Appio.
Todo o processo teve início com o acordo de leniência da Camargo Corrêa, homologado por Sérgio Moro em 2015.
Ao criticar a Operação Lava Jato, Eduardo Appio afirma que ela “promoveu a impunidade no Brasil”. Em sua análise, embora a operação tenha exposto escândalos e denúncias de corrupção, a maioria dos grandes empresários envolvidos conseguiu evitar punições proporcionais aos seus crimes. Para ele, “os corruptores, especialmente os grandes empresários, saíram praticamente ilesos e impunes”, beneficiados por acordos de delação premiada que lhes garantiram penas leves, geralmente cumpridas em regime domiciliar.
Follow the money
A essência da crítica de Appio é que, sob o pretexto de combater a corrupção, o poder econômico prevaleceu. Aqueles com maior responsabilidade pelos crimes financeiros acabaram favorecidos por esses acordos judiciais, desde que contribuíssem para a “conta corrente consolidada” da 13ª Vara. Posteriormente, por meio de uma triangulação entre a Petrobras e o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ), bilhões de reais seriam transferidos ao controle dos gestores da Lava Jato por meio de uma fundação privada, aprofundando ainda mais as suspeitas de desvio de finalidade da operação.
Tortura moderna
As prisões eram realizadas nas primeiras horas das manhãs de quinta-feira, estrategicamente programadas para que rendessem manchetes durante todo o fim de semana. Os detidos, algemados, eram levados de avião para Curitiba, onde desembarcavam e eram exibidos como troféus. Ao chegarem à carceragem da Polícia Federal em Curitiba, eram colocados em celas imundas, com colchonetes encharcados de urina e infestados de pulgas, sendo mantidos isolados de qualquer contato por algum tempo, especialmente com a família. Na segunda-feira pela manhã, eram chamados para acordos de delação.
Isso ocorreu em diversos casos, inclusive envolvendo idosas—avós presas na frente dos netos—que não tinham culpa, mas possuíam conhecimento de detalhes. No caso de Paulo Roberto da Costa, o primeiro preso da Lava Jato, foi-lhe negado o direito ao banho por vários dias, além de ameaçarem processar sua filha. Era uma espécie de “Guantánamo”. Concedi um habeas corpus a Paulo Roberto da Costa em abril de 2014 e, a partir daí, entrei para a lista negra dos inimigos da Lava Jato.
O Nina fica em Curitiba, na Rua Marechal Deodoro, 847