Curitiba: vereadoras pedem investigação contra Eder Borges após denúncias de nepotismo e uso indevido de cargo público

Após reportagem do The Intercept Brasil revelar possíveis irregularidades envolvendo o vereador Eder Borges (PL), quatro vereadoras da Câmara Municipal de Curitiba solicitaram, nesta segunda-feira (5), que a Corregedoria da Casa apure as denúncias. A matéria jornalística aponta a prática de nepotismo e o uso de um cargo comissionado no Instituto Municipal de Turismo em benefício pessoal.

Segundo o Intercept, Borges mantém um relacionamento com Andreia Gois Maciel, que teria atuado informalmente como assessora parlamentar enquanto ocupava cargo comissionado na prefeitura. A reportagem também afirma que Andreia é mãe de Victoria Maciel de Almeida, atual chefe de gabinete do vereador, contratada com salário de R$ 17 mil. A matéria foi publicada em 30 de abril com o título: “Vereador bolsonarista de Curitiba Eder Borges emprega enteada como chefe de gabinete por R$ 17 mil.”

A primeira manifestação em plenário partiu da vereadora Professora Angela (PSOL), que classificou as denúncias como “graves” e defendeu que os fatos sejam apurados pelas instâncias competentes. “Não podemos ignorar essa situação. A dignidade da Câmara está em jogo”, afirmou. Camilla Gonda (PSB), segunda-vice-corregedora da CMC, reforçou que “ninguém está imputando crime, mas é dever do Legislativo investigar”.

A vereadora Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) confirmou que irá formalizar representações contra Borges tanto na Corregedoria quanto no Ministério Público do Paraná. “Há indícios de possível nepotismo e mau uso de recursos públicos. Quem age com integridade não teme investigação”, declarou.

Para Vanda de Assis (PT), o caso levanta questionamentos sobre a independência entre os poderes Legislativo e Executivo. “A denúncia mostra que havia um vínculo comissionado na prefeitura. Precisamos investigar com seriedade se a Câmara tem autonomia para isso”, afirmou.

As parlamentares também citaram a repercussão local da denúncia, destacando a cobertura do jornal Plural, e cobraram posicionamento dos demais vereadores. Durante o Pequeno Expediente, Eder Borges respondeu às acusações, negando irregularidades e atacando o veículo responsável pela matéria.

Eder Borges rebate e diz que denúncia é “fake news”

Ao se manifestar em plenário, Borges chamou a reportagem de “fofoca barata” e acusou o Intercept de perseguição política. “É um blog de esquerda que vive de fake news. Já acionei meu jurídico”, disse. O parlamentar também tentou desqualificar a denúncia ao afirmar que a chefe de gabinete, Victoria de Almeida, foi questionada apenas por ser “mulher e jovem”.

Borges ainda afirmou que não dará palco a “invenções da esquerda” e concluiu: “Ver esquerdista cobrando moralidade é pra acabar, né, minha gente.”

A fala foi transmitida ao vivo pela CMC e registrada por Victoria de Almeida, citada na denúncia.

Nova representação: Ku Klux Klan é mencionada em plenário

Além das denúncias recentes, Giorgia Prates anunciou que encaminhou uma nova representação à Corregedoria e ao Ministério Público contra Borges por declarações proferidas no plenário em 22 de abril. Na ocasião, o vereador fez referência à Ku Klux Klan, alegando que a organização foi uma resposta ao “empoderamento dos negros que estavam se armando”.

“Quando o confrontei, ele me ofendeu. Considero essencial que a Corregedoria e o Ministério Público avaliem se declarações como essa são compatíveis com o decoro exigido de um vereador”, argumentou Prates.

Corregedoria já apura outros casos; punições podem chegar à cassação

Atualmente, duas sindicâncias estão em curso na Corregedoria da CMC — uma contra Borges por transfobia nas redes sociais, movida por Prates, e outra contra Professora Angela, acusada por Bruno Secco de falsa imputação de crime. Desde o início do ano, a Corregedoria já arquivou cinco representações.

De acordo com o artigo 36 do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Curitiba, uma sindicância pode resultar em medidas preventivas, compensatórias ou, caso haja indícios de infração, no encaminhamento de representação formal e abertura de processo disciplinar. As sanções vão de advertência à cassação do mandato.

O corregedor atual, Sidnei Toaldo (PRD), também propôs recentemente a criação de um protocolo contra o sensacionalismo nas atividades parlamentares, especialmente em visitas e fiscalizações externas.

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