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Ratinho Jr. mostra novamente que é poderoso, mas que está longe de ser um gênio

Jonathan Campos/AEN)

Ratinho Jr. é um dos governadores mais poderoso que o Paraná já teve, com influência nas mais diferentes instituições e ambientes. Poder que vem do dinheiro – tanto da família dele, quanto do governo. Fazendo negócios com o patrimônio do estado, através da venda da Copel, da volta do pedágio e, agora, da privatização da educação, atrai ainda mais aliados de cifras robustas. Associa-se aos grupos dominantes, enquanto os cofres do estado abastecem propagandas milionárias, no horário nobre da TV e outras mídias, que mostram um estado de fantasia.

Mas Ratinho Jr., embora não seja bobo (não se enganem com seu histórico escolar modesto no CEEBJA que circula no WhatsApp), está longe de ser um gênio. O dinheiro abre portas e ele tem pessoas que pensam o jogo de acordo com seus interesses. No entanto, com a privatização da educação, ele e sua equipe mais uma vez erraram: tanto no mérito, pois o projeto fragiliza a educação pública, quanto na estratégia.

Numa só tacada Ratinho Jr. conseguiu despertar a ira dos professores como há tempos não se via, catalisar uma série de descontentamentos, trazer para si holofotes sobre outros desmontes que já não estavam em debate, se vincular ao presidente da Assembleia Ademar Traiano, passar por autoritário e virar alvo nos grupos de whatsapp.

Para boa parte dos professores, Ratinho Jr. virou o inimigo número 1 da educação. Ninguém foi tão longe no ataque a direitos e ao próprio conceito de educação pública.

Ratinho Jr. fez o que virou uma praxe da velha política no Paraná: aprovar projetos polêmicos e com impacto na sociedade em regime de urgência — o chamado trataroço –, sem permitir o amplo debate. Tática autoritária e antidemocrática. Em uma semana, ele e sua base na Assembleia liquidaram o assunto.

Era necessário? Politicamente, o projeto seria aprovado de qualquer maneira, uma vez que o governador esbanja poder. Talvez demorasse umas semanas a mais. Embora a resistência fosse inevitável, tramitando normalmente, talvez não despertasse tanta revolta e capacidade de mobilização.

De quebra, Ratinho ainda deu margem para o projeto ser questionado judicialmente. O assunto ainda dará pano pra manga.

São muitas as falhas apontadas pela Oposição. O projeto é considerado tecnicamente fraco, com diversas potenciais ilegalidades, como o fato de não ter sido instruído com impacto orçamentário e não ter passado pela Comissão de Finanças.

O governador, nas raras entrevistas em que dá, costuma se atrapalhar com as palavras. Desta vez, não foi diferente. Nesta segunda-feira, ao ser questionado sobre o projeto, respondeu, com o deslumbramento de um colonizado, que “este programa já aconteceu na Inglaterra, no Canadá, e vai modernizar a educação”. E ainda disse que é “para ajudar o professor a não ficar cuidando de lâmpada apagada”.

O preço que será pago para empresas privadas trocarem lâmpadas será, em média, de R$ 800 por aluno.

Ratinho mostrou novamente que é poderoso, mantendo o apoio de 39 deputados da base a um projeto que muitos tinham resistência, mas que, tirando os oito da Oposição e mais cinco dissidentes, não tiveram força ou coragem para se opor.

O poder muitas vezes ilude aqueles que o detém. Não são poucos os que se perdem em suas ambições, ganância e soberba, às vezes sem reencontrar o rumo.

2 respostas

  1. Se investe 400/aluno e não consegue depositar os outros 400 que quer dar para a privatização, na conta da escola para que o Conselho Escolar faça o gerenciamento, estão é um governador que não merece nunca mais, receber um voto de quem quer que seja.

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